Os deputados federais por Minas discursaram 1.502 vezes neste ano na Câmara. O número é 16% superior ao registrado em 2018, quando foram proferidos 1.287 pronunciamentos, de acordo com levantamento feito por O TEMPO no Banco de Discursos da Câmara.

O campeão no uso do microfone da tribuna foi Rogério Correia (PT), com 130 discursos. Em seu primeiro mandato em Brasília, ele dividiu suas falas em ataques ao governador de Minas, Romeu Zema (Novo), e ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), além de críticas à reforma da Previdência e ao aumento do preço da gasolina.

Com tom bastante agressivo, Correia fez duras críticas ao ministro da Economia, Paulo Guedes, homem de confiança de Bolsonaro, no dia 27 de novembro, um de seus últimos discursos no ano. “Não adianta o Paulo Guedes ficar nervosinho em frente à televisão. O Paulo Guedes agora não é mais a ‘tchutchuca dos banqueiros’. É a ‘tchutchuca do AI-5’, dos militares”, bravejou.

Segundo mineiro que mais vezes discursou, Reginaldo Lopes (PT) registrou 116 pronunciamentos. O número é 241% superior ao do ano passado, quando ele marcou 34 presenças no púlpito da Câmara. Lopes exerce há 17 anos o mandato de deputado federal. O ano em que ele menos falou foi em 2006, com apenas quatro discursos.

Em terceiro lugar no ranking dos mineiros no Banco de Discursos, o deputado Domingos Sávio (PSDB) fez 108 pronunciamentos neste ano. Em muitos deles, ele defendeu a votação, em caráter de urgência, do pacote anticrime. “Não podemos continuar vivendo num país em que o indivíduo mata, rouba e continua solto, debochando da sociedade”, disse em 2 de novembro.

O deputado Aécio Neves (PSDB) fez 22 pronunciamentos. Em seu segundo discurso, em maio, ele usou o tempo para saudar dom Walmor Oliveira de Azevedo por ter chegado à presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Nos demais discursos, Aécio defendeu, principalmente, a promulgação da Emenda Constitucional 5, de 2019, que aborda a transferência de recursos federais aos Estados, ao Distrito Federal e aos municípios mediante emendas ao projeto de Lei Orçamentária Anual.

Apesar de ter utilizado o microfone somente 16 vezes, o deputado André Janones (Avante) “causou” logo em seu primeiro pronunciamento ao chamar os seus correligionários de “bandidos”, em 6 de fevereiro.

Na contramão dos falantes, cinco deputados não usaram o microfone do plenário: Dimas Fabiano (PP), Hercílio Coelho Diniz (MDB), Luis Tibé (Avante), Misael Varella (PSD) e Patrus Ananias (PT).

No caso de Tibé, 2019 foi o quinto ano em que ele não fez nenhum pronunciamento em nove anos de mandato. “Não acredito que pronunciamentos sejam um extrato da atuação parlamentar. Penso que é uma questão de perfil. Me dedico à ação, que é um anseio da sociedade, que espera que o país avance”, afirmou Tibé.

Ananias também não discursou em outros quatro anos exercendo seu mandato. Em nota, ele informou que tem atuação voltada para as comissões da Câmara Federal. 

Já 2019 foi o primeiro ano em que Varella e Fabiano passam em branco. “Trabalho mais diretamente com prefeitos e vereadores, buscando solucionar as demandas dos municípios junto aos ministérios e às secretarias. O fato de não usar a tribuna não diminui o meu trabalho”, disse Fabiano.

Diniz estreou neste ano na Câmara e, assim como Ananias, disse que seu trabalho é mais voltado para as comissões. “Muitas pessoas usam o parlatório para falar de outros temas e usar isso para justificar algo para o seu público em suas redes”.

O Aparte também procurou Misael Varella, mas ele não quis se pronunciar sobre o assunto.