Imagine um fim de semana em um hotel fazenda. Natureza, ar puro, comida da roça e... dezenas de jovens reunidos. Logo, você imagina que eles estão ali para uma festa daquela, não é mesmo? Se pensou assim, pensou errado. Nada de 'crush', música chiclete (baladinha sertaneja ou funk) ou curtição... Todos engajados em um mesmo ideal: o futuro... o futuro do Rio Doce.
Por falar nisso, qual é o futuro do Rio Doce na visão da juventude?
"Eu acredito que o futuro do Rio Doce seja a regeneração e a transformação social, não só das comunidades, mas de toda a região que a gente possa alcançar", diz Pâmela Rosa, de 25 anos.
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Jovens ribeirinhos assumem o protagonismo em suas comunidades em Governador Valadares
Foto: Diego Luís
Ela é diretora do Casa Preta, um projeto de transformação e valorização de cultura afro, que atua no bairro Cabanas, em Mariana, Minas Gerais, apoiado pelo Instituto Elos em parceria com a Fundação Renova. 'O Futuro do Rio Doce somos Nós' é mais uma das ações de compensação nas comunidades ribeirinhas atingidas pelo rompimento da barragem de Fundão, em novembro 2015. O intuito é formar novas lideranças com uma visão de futuro para o Rio Doce.
"A Fundação Renova acredita que o processo de reparação faz muito mais sentido se envolver quem de fato vai viver o futuro, quem de fato vai colher os frutos. Então, a gente tem uma crença muito forte de que envolver a juventude no processo decisório, sobre as ações, sobre como eles enxergam o futuro do rio Doce é fundamental para que ele aconteça e seja sustentável ao longo dos anos. Para que a reparação do rio Doce passe por nós e siga prosperando de geração para geração", ressalta a analista de Estratégia, Bárbara Braga.
Em um ano, cerca de 90 jovens desenvolveram diversos projetos em suas comunidades.
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Ao longo de um ano, os jovens desenvolveram vários projetos. O resultado foi apresentado num encontro em Governador Valadares, Minas Gerais
Foto: Diego Luís
"O projeto que eu faço parte é o Rega e está localizado em Aimorés, no Vale do Rio Doce. O Rega trabalha com recuperação de áreas degradadas com enfoque na recarga hídrica que faz parte de toda ecologia", conta Wanderson Costas, de 22 anos.
Música também está entre as atividades desenvolvidas nas comunidades ribeirinhas.
"O meu projeto é o Toques e Batuques. Ele acontece nas zonas rurais de Santa Cruz do Escalvado e atende criança, adulto, quem quiser participar. É um projeto de música. É um projeto com tambores... no lixo a gente pegou tambor, pegou lata, pegou um monte de coisa e transformou em sons", revela Denise Gomes do Nascimento, de 28 anos.
Se o futuro do Rio Doce está nas mãos da juventude, podemos ter certeza que vem muita coisa boa por aí...
"Quando a gente olha para esses jovens e vê colocando seus desejos, seus anseios, suas opiniões, a gente percebe que eles estão bem diferentes de um ano atrás. Porque se apropriaram de si mesmos, porque sabem o lugar onde estão, se reconhecem como parte de uma comunidade, que faz parte de um território mais amplo, que é a bacia do Rio Doce. Então, sem dúvida, já dá para sentir uma diferença da percepção dos jovens sobre eles mesmos e a comunidade em que estão inseridos", finaliza a analista de Estratégia, Mirna Folco.
Ao longo deste mês, quem acompanhou nossa jornada percebeu o quanto tem sido feito para reparar e compensar os danos do desastre. Foi bacana ver de perto tantas boas iniciativas e conhecer as histórias e as perspectivas de futuro na parte mineira da bacia hidrográfica do Rio Doce. Me sinto privilegiado. Espero poder voltar logo para contar novos 'Capítulos do Rio Doce'. Até breve!