Um sonho ditará o ritmo da história dos Capítulos do Rio Doce de hoje. Mas não é qualquer sonho. É o sonho de um casal: transformar uma fazenda familiar numa floresta.
"Sejam bem-vindos. Vocês estão em Aimorés, Minas Gerais, e aqui é o Instituto Terra", recepciona a diretora executiva, Isabella Salton.
Os visitantes olham para um lado, olham para o outro e, o que se vê são apenas fragmentos daquilo que já foi uma fazenda de gado.
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O Instituto Terra, em Aimorés, atua em programas de recuperação da bacia hidrográfica do Rio Doce há mais de 20 anos
Foto: Fundação Renova
"Se você olhar as imagens de 20 anos atrás, verá que esse local era totalmente degradado. Lélia e Sebastião Salgado começaram plantando árvore por árvore e o Instituto se transformou em um exemplo para a humanidade. Quando você olha isso aqui você não imagina que tem mais de dois milhões de árvores aqui dentro", explica a diretora.
Flores, aves, animais. Se encontra de tudo um pouco por lá. Isso só foi possível graças à recuperação florestal da área. Atualmente, o Instituto Terra é um centro de pesquisa de espécies da Mata Atlântica, um espaço voltado para reprodução e conservação ambiental.
"Desde que nós começamos a produzir as espécies de Mata Atlântica aqui no nosso viveiro já são 6 milhões de árvores produzidas", ressalta Isabella.
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O Viveiro do Instituto Terra já produziu mais de 6 milhões de mudas de espécies nativas da Mata Atlântica
Foto: Fundação Renova
Após o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, em novembro de 2015, quando mais de 39 milhões de metros cúbicos de rejeito atingiram a bacia do Rio Doce, a Fundação Renova firmou parceria com Instituto Terra para auxiliar nas ações de reparação e compensação dos danos provocados.
"O papel do Instituto é compartilhar conhecimento. A Fundação Renova tem uma série de programas para atender as determinações do Ministério Público, ações reparatórias. Nós temos atuado nos programas de recuperação de nascente, auxiliamos também nos programas de restauração... E temos uma parceria no programa de formação dos jovens, o Nere - Núcleo de Estudo e Reparação Ecossistêmica - que é um programa que financia, por ano, 10 alunos, onde eles passam um ano aqui dentro aprendendo sobre restauração para que possam atuar nesta área", explica.
Os jovens aprendem na prática a coletar semente, plantar mudas, técnicas de conservação e recuperação florestal.
"Aqui no Instituto, a gente aprende cerca de 80% na prática e somente 20% teórico. Nem tudo que a gente vê na teoria se reflete na prática, então, você vendo, praticando todo o dia, você aprende muito mais", ressalta o estudante Bruno Gonçalves.
E lá se vão mais de 20 anos de história. Sempre se preocupando com a recuperação da bacia do Rio Doce.