Josias Pereira | @superfcoficial
01/10/19 - 19h49
Abel Braga teve um papel fundamental durante a invasão dos torcedores à Toca da Raposa II, na tarde desta terça-feira. A bem da verdade, o treinador mostrou-se irritado com o fato de ter interrompido a atividade que comandava, mas procurou contemporizar com os membros da maior organizada do clube, trazendo inclusive uma palavra de calma para os policiais que estavam na Toca no ato da abordagem dos torcedores.
O treinador ainda conversou com os cruzeirenses e pediu a eles um voto de confiança, destacando a cada momento que a Raposa sairia da situação incômoda. Depois, foi até à academia da Toca para uma conversa com o outro grupo de torcedores, que estava com os líderes do elenco. Passado pouco mais de dez minutos, ele retornou ao campo para dar sequência ao treinamento. O comandante ainda foi à sala de imprensa para um pronunciamento.
“Até aconteceu um fato, não posso dizer isso 100% para vocês, mas deve ser a primeira vez que eu perco em estreia. Tem duas coisas envolvidas nessa situação que jamais vão deixar de existir: a razão de qualquer clube de futebol, principalmente no Brasil porque não é clube-empresa, não é clube de dono, o dono de clube de futebol no Brasil é a torcida, então nós temos que entender uma série de coisas que ocorrem, que às vezes poderiam ser resolvidas de forma diferente, mas não podemos esquecer a soberania do torcedor e o que envolve, que é paixão e sentimento”, disse o treinador.
Abel apontou que o clima na conversa com os torcedores foi tranquilo, e voltou a falar sobre a derrota para o Goiás, a categorizando como um lapso de infelicidade do time celeste.
“Entendemos perfeitamente o momento que o Cruzeiro está passando. O meu sentimento, até por ter quebrado meu paradigma em relação à forma de agir, de nunca pegar trabalho no meio, essa coisa toda, porque eu disse pra vocês que havia sentimento. Então isso aqui tudo que ocorreu hoje não foi nada mais do que paixão. Uma paixão por um momento que se nós não sairmos dele vamos criar um fato inédito na história, que é ver o Cruzeiro na segunda divisão. Ai eu vou para o sentimento, o que vi ontem (jogo contra o Goiás) me deu uma convicção muito grande, muito real, porque eu sei como os jogadores se sentiram, eu sei da maneira que eles se portaram, vocês sabem que é complicado jogar em Goiânia por conta da unidade, o que eles correram e eu vi o semblante de cada um deles dentro do vestiário. Um treinamento tático de domingo, a assimilação foi incrível, e eu posso te falar como a maioria destes torcedores, desses garotos, eles gostaram do que viram ontem, pediram para que isso continue, e eu prometi a eles que vai continuar, com um pouquinho mais de sorte, um pouquinho mais de felicidade”, salientou Abel.
“Ontem (derrota para o Goiás), o rapaz foi chutar a bola no gol, errou o chute e pegou o Ruschel entrando do outro lado. O que nos precisamos, não estamos aqui para ficar contestando nada, torcedor conversou da melhor maneira possível, de forma educada. Eles, claro, no auge da da emoção expuseram aos atletas o que eles tinham vontade sem agredir, falei para eles que não é a melhor maneira. Melhor maneira é se combinando alguma coisa para fazer porque teve que paralisar um treinamento que já estava ocorrendo. Isso não é bom”, acrescentou o comandante.
Abel, no entanto, destacou que o que não quer é que os torcedores iniciem brigas entre eles mesmos, como o que aconteceu no 2 a 2 para o Flamengo, no Mineirão. Apesar do pouco tempo, ele voltou a garantir que os jogadores não vai deixar o Cruzeiro no atual momento e declarou que todo o time está de pé.
“Não é bom torcida ficar brigando com torcida porque a torcida é toda azul. Nós todos estamos vestidos de azul. Porque amanhã qualquer participação diferente a nível de jogo você pode perder o mando de campo. Então isso engloba um monte de fatores que nós podemos trazer coisas positivas, mas a partir do momento que a gente não deixa extrapolar nem tanto a emoção e não só o sentimento. Então o que eles (torcedores) gostam dessa camisa, os jogadores também gostam, se não eles não tinham conquistado o tanto que conquistaram aqui. Foi muito boa a participação dos atletas naquilo que eles conversaram com os torcedores. Se encerra, pra nós isso não vai interferir em nada, porque Independentemente disso ter acontecido, no campo não vai faltar alma, entrega, dedicação e ir no limite. Contra o Goiás todos foram no limite. Claro que saí chateado com a derrota porque eu sei o que eles fizeram, como fizeram para ganhar o jogo. Não estou falando do VAR, se o gol foi mal anulado ou não, mas vocês viram a nossa comemoração e aquilo deu uma gelada. Mas está todo mundo em pé, e nós, como queremos esse apoio, vamos guerrear com qualquer adversário, para a gente procurar sempre o melhor para o Cruzeiro”, concluiu Abel