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Jovens atingidos por tragédia realizam projetos de recuperação da bacia
Formação de lideranças nas comunidades estimula elaboração de propostas voltadas para o desenvolvimento sustentável, atividades econômicas i 11/09/2019

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Foto 1 - Matéria 3 - Semana 4
Projeto “O Futuro do Rio Doce Somos Nós”, convênio entre o Instituto Elos e a Fundação Renova, trabalha com o engajamento de jovens lideranças
Foto: Leonardo Morais/Divulgação

Um grupo de jovens de Santa Cruz do Escalvado, na Zona da Mata, coordena um projeto de formação ambiental de alunos do ensino fundamental e médio. Em Mariana, na região Central, desde março de 2019 a comunidade mantém um local de empoderamento e incentivo ao empreendedorismo da população negra. Já em Aimorés, também em Minas Gerais, áreas de recarga de nascentes estão sendo recuperadas com a ação da juventude local. Todas essas iniciativas são fruto do projeto “O Futuro do Rio Doce Somos Nós” que busca transformar a cultura de preservação da bacia por meio da formação de jovens que poderão ser multiplicadores da cultura de desenvolvimento sustentável, da busca por atividades econômicas inovadoras e da mobilização das comunidades para exercer plenamente sua cidadania.

A proposta é uma parceria do Instituto Elos com a Fundação Renova, entidade responsável pela reparação e compensação dos danos do desastre de Mariana, e faz parte de uma rede de iniciativas que busca desenvolver ações de preservação e resgate cultural das comunidades atingidas por meio da educação. No ano passado, foram selecionados 90 jovens com idades ente 16 e 25 anos, de 22 municípios ao longo da bacia do rio Doce. Eles foram escolhidos entre 1.500 inscritos no processo seletivo para participarem da formação educacional e de liderança.

“O Instituto Elos já vinha trabalhando na região desde 2016. A gente percebeu o potencial que tinha de engajar a juventude no processo de regeneração do rio Doce e tivemos a oportunidade de criar essa parceria com a Fundação Renova. Nós tínhamos percebido que esse processo de recuperação envolvia a sociedade civil organizada, mas a juventude acabava sendo um pouco separada disso. Então encontramos um espaço para dar vazão dessa capacidade dos jovens de se envolverem ativamente nesse processo e criar um projeto de visão de futuro para as comunidades ao longo da bacia”, explica a cofundadora do Instituto Elos e coordenadora do projeto, Natasha Gabriel.


Jovens participam de atividades para inspirar os projetos a serem desenvolvidos nas comunidades ao longo da bacia do Rio Doce.
Foto: Leonardo Morais/Divulgação

A seleção dos jovens buscou garantir uma diversidade na representação da população que vive na área afetada. “Nossa proposta mirou no reconhecimento do território de diferentes juventudes, que vivem realidades distintas. Buscamos ter uma representação com a maior diversidade territorial e socioeconômica possível. A troca de experiências entre eles proporciona um grande enriquecimento cultural fundamental para a proposta”, destaca.

Após a seleção, os jovens participaram de um processo de formação com diversas atividades educacionais, incluindo a vivência de iniciativas que já estão sendo realizadas pela sociedade civil de recuperação da bacia do rio Doce. Em janeiro deste ano, eles apresentaram os projetos que eles mesmos elaboraram para avaliação de uma banca que fez a seleção de 23 deles. Agora eles estão recebendo recursos para sua implementação. Cada proposta recebeu até R$ 6.000 e os jovens estão colocando em prática o que aprenderam em sua formação.

Josiele Pereira da Silva, 26, é uma das jovens que participam da iniciativa. Ela mora em Aimorés e idealizou o projeto Rega (Recuperação Ecossistêmica e Gerência de Águas). A proposta visa identificar topos de morros que são área de recarga de nascentes que podem ter sua vegetação recuperada. O projeto vai complementar outras ações de recuperação de nascentes, potencializando a capacidade hídrica de recuperação desses afluentes. Formada em técnica agropecuária, ela conta como a iniciativa transformou sua visão. “Eu venho de um ensino que praticamente só ensina a produzir. Eu vi nessa caminhada uma forma de reduzir o impacto, de criar modelos de desenvolvimento sustentável e de conciliar produção com preservação.” Josiele explica, ainda, que a formação que recebeu ampliou sua compreensão de mundo. “Eu vou sempre buscar alternativas para melhorar a vida das pessoas que estão ao meu redor. Nesse último ano eu aprendi muita coisa. Aprendi como lidar com diferentes pessoas, de diferentes formas. Foi fundamental conhecer outras realidades”, conclui.

Entre os 23 projetos há ações de monitoramento de saneamento básico, de acolhimento social de pessoas em vulnerabilidade, de fomento às atividades culturais, de formação ambiental e capacitação. A coordenadora do projeto, Natasha Gabriel, destaca a importância dessa formação para o início de uma transformação do futuro dessas comunidades. “Nós orientamos os jovens a desenvolverem projetos de curto prazo, mas que estão inseridos dentro de outras ações e políticas de médio prazo. E eles atuam como multiplicadores. Esses jovens já estão trabalhando para fomentar e agregar pessoas para outros projetos futuros. Eles já disseminam essa ação para todos os lados, tentando encontrar alternativas que sejam diferentes da mineração, da agricultura tradicional. Então eles já estão multiplicando esse conhecimento com as ferramentas de mobilização, elaboração e apresentação de projetos que receberam”, avalia.

Agora, no final de setembro, ocorrerá o II Encontro de Futuro, onde os jovens terão um momento de encerramento e celebração de todas as ações realizadas ao longo dos últimos dois anos. Eles também serão incentivados a refletir sobre o início de um novo ciclo que pode emergir de sonhos e ações desse movimento de jovens na bacia do rio Doce.

 


 

 

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