O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, está na Arábia Saudita em busca de aliança anti-Irã | Foto: Jacquelyn Martin / POOL / AFP
PUBLICADO EM 25/06/19 - 06H00
AFP
O presidente Donald Trump, anunciou nesta segunda-feira, 24, que os Estados Unidos vão impor novas sanções contra o Irã, mirando o líder supremo do país, aiatolá Ali Khamenei. Segundo Trump, as medidas são uma resposta ao que chamou de “comportamento agressivo” do Irã nas últimas semanas, citando, entre elas, a derrubada de um drone americano na semana passada.
Na declaração à imprensa, ainda no Salão Oval, o presidente americano cometeu uma gafe: ele mencionou como sendo o líder supremo do Irã o aiatolá Khomeini, fundador da República Islâmica e que morreu em junho de 1989.
Segundo o Escritório de Controle de Bens Estrangeiros ( Ofac, em inglês), responsável pela aplicação de sanções econômicas, as ações contra Khamenei incluem o congelamento de bens ligados ao líder supremo e o bloqueio a fontes externas de financiamento.
O Tesouro ainda ameaça punir instituições financeiras e pessoas que tenham qualquer ligação com a liderança iraniana.
Além de Khamenei, o Ofac incluiu na lista de sanções oito comandantes da Guarda Revolucionária, organização considerada terrorista pelo governo dos EUA. Todas as pessoas citadas ontem, incluindo Khamenei, também estão proibidas de entrar em território americano.
Khamenei já esteve nos EUA, em 1987, para discursar nos Debates Gerais da Assembleia Geral da ONU. Na época, ele era presidente do país. Mas ele não saiu mais do Irã desde que assumiu o cargo de líder supremo, em 1989.
De acordo com o secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, o chanceler do Irã, Javad Zarif, um dos principais negociadores do acordo nuclear que os americanos abandonaram em 2018, também será atingido por punições no fim desta semana. Ele não revelou quais seriam as medidas.
As agências de notícias Tasnin e Fars, ligadas ao governo iraniano, atacaram as sanções, dizendo que elas se baseiam em “desculpas fabricadas”. Os líderes iranianos ainda não se pronunciaram.
O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, reuniu-se nesta segunda-feira, 24, com o rei e com o príncipe-herdeiro da Arábia Saudita para conversas sobre uma possível aliança anti-Irã, em resposta à tensão crescente na região.
Entenda o caso
A tensão entre Washington e Teerã, sem relações diplomáticas desde 1980, se intensificou na última quinta-feira com a destruição de um drone americano por um míssil iraniano no Golfo.
Washington alega que o equipamento estava em espaço aéreo internacional. O governo iraniano respondeu levando o caso à ONU. O episódio veio dias após os EUA culparem o país persa por ataques a dois navios no estreito de Ormuz.
Resposta de Teerã
O ministro iraniano das Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif, considerou ontem que o Exército americano não tem o que fazer no Golfo, depois que Washington anunciou novas sanções contra a República Islâmica. “Donald Trump tem 100% de razão no fato de que o Exército americano não tem o que fazer no Golfo Pérsico”, escreveu em um tuíte.
“A retirada de suas forças está perfeitamente de acordo com os interesses dos EUA e do mundo”, acrescentou Zarif. Mais cedo, Trump pediu aos países importadores de petróleo para “proteger suas próprias embarcações”, após uma série de incidentes no Golfo Pérsico ou no Golfo de Omã, atribuídos pelos EUA ao Irã, que desmentiu estar envolvido.