Expectativa é que 100% dos metroviários cruzem os braços | Foto: Mariela Guimarães
PUBLICADO EM 13/06/19 - 20H12
Tatiana Lagôa
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A greve geral contra a reforma da Previdência e os cortes na educação, prevista para sexta-feira (14), deverá afetar a vida de muitos mineiros. Com os funcionários do metrô parados, o que resta para os belo-horizontinos são os ônibus. Mas, como a previsão é que manifestantes fechem importantes vias de acesso na região metropolitana, o trânsito deve ficar um verdadeiro caos. A paralisação deve impactar ainda outras áreas importantes como educação em todo o Estado.
Segundo o presidente do Sindicato dos Metroviários de Minas Gerais, Romeu José Machado Neto, o esperado é que praticamente todos os 1.700 trabalhadores do metrô em BH fiquem de braços cruzados entre às 0h de hoje e a primeira hora de amanhã. “Nossa luta é, principalmente, contra as privatizações porque seremos afetados diretamente por elas”, afirma.
A Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) até conseguiu, na tarde desta quinta-feira (13), uma liminar junto ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT) determinando o funcionamento de 100% dos trens, no horário das 05h30 às 10h e das 16h às 20h, com pena de R$ 200 mil por descumprimento. Fora do horário da escala mínima seria necessário manter um trabalhador na sala de comando e nas torres de controle dos pátios São Gabriel e Eldorado, além de um funcionário no Posto de Comando Local de Vilarinho, desde a preparação até o recolhimento dos trens.
Mesmo assim, os trabalhadores vão ficar parados. “Nós fomos notificados muito tarde e ficamos sem tempo hábil para avisar todos os funcionários”, disse Machado Neto.
Ônibus. A reportagem entrou em contato com os sindicatos representativos dos trabalhadores do transporte de passageiros de todas as cidades da região metropolitana e a deliberação foi a mesma: cada funcionário decide se vai aderir à greve ou não. Com temor de represálias, os representantes não querem ter os nomes ligados ao movimento grevista.
O Sindicato dos Rodoviários de BH e Região, que representa 25 mil trabalhadores, chegou a soltar uma nota explicando que não terá uma participação mais efetiva na greve porque a entidade ainda arca com o pagamento de uma multa de R$ 160 mil de paralisações anteriores.
Pautando-se nessa situação, inclusive, o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de Belo Horizonte (Setra-BH) e o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros Metropolitano (Sintram) garantiram que não haveria paralisação nos transportes da capital e nas linhas metropolitanas.
Mas, fontes ligadas aos trabalhadores que atuam em toda a região metropolitana disseram que a estratégia na greve de hoje será a de impedir os veículos de passarem em pontos estratégicos. “Os ônibus vão sair da garagem mas nossa ideia é impedí-los de circular”, disse uma das fontes. Dessa forma, os coletivos estarão parados e ninguém será multado, já que os trabalhadores estarão na ativa.
Educação. Professores da rede estadual de ensino e das escolas municipais de Belo Horizonte também prometem forte adesão ao movimento. Os professores do Estado não fizeram uma projeção de escolas afetadas. Mas as expectativas são grandes. “A educação está sendo muito afetada. Temos que ir para as ruas contra esse desmonte”, garante a diretora do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (SindUte), Ana Lúcia Moreira. A Secretaria de Estado de Educação disse, em nota, que “sexta-feira é dia letivo e que acompanhará a adesão das escolas da rede estadual de ensino ao longo do dia”.
Em Belo Horizonte, segundo informações da Secretaria Municipal de Educação, dez instituições de ensino já ficaram totalmente paralisadas nesta quinta-feira (13) e 36% das turmas sem professores. A expectativa é de uma adesão maior no dia da greve geral. “Noventa por cento das escolas serão atingidas”, garantiu a diretora do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede ública Municipal de BH (Sind-Rede BH), Vanessa Portugal.
Outras áreas. Segundo o diretor político do Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público do Estado de Minas Gerais (Sindpúblicos), Geraldo Henrique da Conceição, as áreas que deverão ter maior adesão dentre os servidores mineiros serão a Secretaria de Fazenda e os profissionais da área de perícias médicas. Mas não soube estimar quantas pessoas iriam aderir à greve.
BH Trans. Os funcionários da BHTrans também começam uma greve hoje. Segundo o diretor-jurídico do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Assessoramento, Pesquisas e Informações do Estado de Minas Gerais, Alex Kromemberger, apesar da coincidência de datas, a paralisação não está ligada ao movimento nacional. “As negociações salariais com a BHTrans travaram. Por isso, os trabalhadores estão parando por tempo indeterminado”, afirma. São 1.100 trabalhadores das mais diversas áreas: fiscalização do trânsito, central de operações, atendimento ao usuário, além da parte administrativa da autarquia. Procurada, a BHTrans disse, em nota, que “está negociando com os sindicatos que representam seus empregados”.