Após passarem a pagar 33% a mais nas passagens de metrô, que subiram de R$ 1,80 para R$ 2,40 no mês passado, os belo-horizontinos esperavam uma melhora no serviço. No entanto, o que eles receberam em troca foi redução na quantidade de viagens e trens mais lentos. Ou seja, “chá de cadeira” nas estações, percursos mais demorados e vagões lotados. O tempo médio do percurso total, entre as estações do Vilarinho e do Eldorado, subiu 50% – de 40 minutos para 60 minutos.
Presidente do Sindicato dos Metroviários (Sindimetro), Romeu José Machado Neto lembra que a verba destinada a custear o funcionamento diário do metrô, como recomposição de peças e equipamentos, foi cortada pelo governo federal em 40% neste ano em comparação a 2018. Além disso, a alta da tarifa não foi de 88% como a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) pleiteava – as passagens custariam R$ 3,40.
Uma saída da administração do metrô para fazer as contas fecharem foi a redução do número de viagens, com consequente diminuição de gastos, segundo o Sindimetro. “Entenderam que seria possível desafogar as plataformas das estações se andassem com mais trens. Então, a cada viagem, são levadas mais pessoas. Só que, por isso, o tempo de espera aumentou”, diz Machado Neto.
Fora dos momentos de maior demanda, saem trens a cada 11 minutos. Antes, era a cada oito. Nos horários de pico, a espera média passou a ser de seis minutos – era de quatro minutos. Além disso, segundo o representante dos trabalhadores, por segurança, a velocidade dos trens foi alterada de 80 km/h para 60 km/h.
Prejuízo
Usuários como a doméstica Edméia Ferreira, 50, ficaram no prejuízo: ela passou a sair de casa meia hora mais cedo para chegar a tempo no trabalho. “Saía às 6h, e agora saio às 5h30. E o metrô está mais cheio que antes”, reclama.
Ela conta que os patrões pensam em diminuir o número de dias de trabalho para economizar na passagem: “É só prejuízo”.
Empresa
Resposta. A CBTU informou que aumentou a oferta de viagens, 97% delas pontuais, e que atrasos não estão ligados à velocidade de cada trem. A demora relatada pelos usuários não foi explicada.
Reclamações

“Às vezes fico mais de meia hora esperando o metrô. Antes, eram 10 minutos. Poderia estar com meu filho nesse tempo que perco na estação.”
Yara Ribeiro, 28
Estudante

“A gente fica um tempão esperando e, quando o metrô chega, está lotado. E a gente ainda tem que pagar este preço absurdo nas passagens.”
Diogo Fernandes, 23