Morar à beira do rio na Vila São Geraldo, em Barão de Cocais, na região Central do Estado, já trouxe muitos desafios para a família do empresário João Batista dos Santos, proprietário de uma oficina de retífica há mais de 30 anos. Nesse período, a casa dele, a oficina e a casa dos pais dele, todas no mesmo terreno, já foram inundadas três vezes por graves enchentes nas décadas de 70, 80 e 90. Para Santos, o rompimento da barragem atingirá o local e não sobrará nada. “Estamos na área de risco. Conheço essa região. Se romper, acabou tudo para nós", afirmou.
Além da preocupação de se manter vivo diante de um possível rompimento, o empresário também tem se preparado para que os danos financeiros sejam menores. Somente no último mês, 12 peças, que juntas estão avaliadas em R$ 2 milhões, foram retiradas da oficina. "Se levar elas vai ter que me levar. Como que paga? Fora as ferramentas, que são muito caras e necessárias diariamente. Todo dia eu durmo e acordo me perguntando se eu vou terminar o dia trabalhando", questionou.
A mulher de Santos, a dona de casa Enide Fonseca Santos, 53, tem dormido à base de remédios. "Eu tenho úlcera emocional nervosa. Com isso, abriram feridas nas minhas duas pernas. Eu estou toda ferida nos braços também", contou ela.

"Nós estivemos na Vale e eles não deram solução nenhuma. Só falaram que estão dependendo de Deus e da natureza. Eu ainda falei pra eles que Deus não fez isso, não. Quem fez foi a Vale. Ofereceram um hotel para a gente ficar enquanto iam lacrar a casa. Então, no fim das contas, não me ofereceram nada, não. Lacrar a minha casa e me pôr num quarto de hotel?", questionou Enide.
Nesta quarta-feira (29), a Defesa Civil informou que situação de apreensão com o rompimento do talude da barragem Sul da mina de Gongo Soco pode demorar meses.