Com apenas 0,5 cm de comprimento e ciclo de vida de no máximo 35 dias, o mosquito Aedes aegypti matou 650 pessoas em Minas nos últimos dez anos, segundo levantamento feito pela Secretaria de Estado de Saúde (SES) a pedido de O TEMPO. A doença continua a fazer vítimas: Nesta sexta-feira (10), a Prefeitura de Belo Horizonte confirmou os quatro primeiros óbitos* por causa do tipo grave de dengue na capital neste ano. Mais 92 mortes estão sendo investigadas pela SES. Segundo especialistas, os números escancaram a necessidade de uma mudança de postura de governo e população, para que criadouros do mosquito sejam eliminados.
Mais de 1,7 milhão de casos prováveis de dengue (suspeitos e confirmados) foram contabilizados entre 2009 e a primeira semana deste mês. O número de vítimas do tipo mais grave da doença na última década mostra como a dengue pode ser letal. Segundo o presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Estevão Urbano, ao entrar no organismo humano, o vírus provoca reação inflamatória em todo o corpo, o que normalmente é sanado em alguns dias, com a produção natural de anticorpos e o tratamento adequado. No entanto, há casos de pacientes que não produzem defesas suficientes, o que eleva o risco de morte.
“A inflamação provoca saída de líquidos dos vasos sanguíneos, a pressão sanguínea cai, e isso leva à baixa oxigenação e à redução da oferta de nutrientes para órgãos como fígado, rim e pulmões. Com hemorragia, a pessoa pode evoluir para o óbito”, explica.
Combate
Em nota, a SES informou que “as medidas de controle da dengue, zika e chikungunya acontecem o ano todo e são intensificadas nos meses mais quentes, em que há maior incidência” da doença. Neste ano, o Estado decretou situação de emergência em seis macrorregiões e liberou recursos para cidades em quadro epidêmico.
Bióloga e pesquisadora do Instituto Oswaldo Cruz, Denise Valle ressalta a necessidade de uma mudança de postura no enfrentamento à dengue. “Não adianta combater o mosquito apenas quando o surto está acontecendo”, orienta.
Para ela, a população tem que apurar o olhar para as próprias moradias, onde estão 80% dos focos do mosquito, e cobrar medidas efetivas do governo: “Não é questão de jogar inseticida, mas de saneamento, coleta de lixo, abastecimento regular de água e prevenção”.
Capital tem 389 novos casos a cada dia
Foram confirmadas nesta sexta-feira, pela Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, as quatro primeiras mortes por dengue na cidade neste ano. Segundo balanço da pasta, em dois dos casos, doenças preeexistentes contribuíram para agravar o quadro dos pacientes.
Desde janeiro, foram confirmados 10.490 casos de dengue. Entre 2 e 9 de maio, as confirmações aumentaram 35%, e a média de novos diagnósticos por dia ficou em 389. No entanto, ainda há outros 33.546 exames em análise.
Regiões
As regiões Barreiro e Nordeste lideram o número de casos prováveis de dengue (os suspeitos e os confirmados), com 6.476 e 6.473 registros, respectivamente. Logo em seguida, vem a regional Venda Nova, com 6.017 diagnósticos prováveis.
As três regiões já contam com Centros de Atendimento à Dengue (CAD), especializados na assistência aos pacientes. Eles vão ficar abertos das 7h às 18h deste sábado (11).
Epidemia afeta banco de sangue
A epidemia de dengue no Estado contribui para a queda de 30% no número de doadores de sangue na Fundação Hemominas, que faz um apelo para que a população procure os postos de doação. A situação impacta principalmente o estoque dos tipos negativos, que registraram redução de 35%.
Segundo a fundação, o problema ocorre porque pacientes com diagnóstico de dengue ficam impedidos de doar sangue por 30 dias, contados a partir do fim dos sintomas. Quando o doador é afetado pelo tipo mais grave da doença, popularmente conhecido como dengue hemorrágica, é preciso aguardar seis meses para se candidatar novamente como doador.
A dengue também provocou maior procura por plaquetas na Hemominas. Entre março e abril, o aumento na busca pelo material foi de 17%.
Como doar
Como
A doação de sangue pode ser agendada na Fundação Hemominas pelo telefone 155 (opção 1); pelo site; ou pelo MGApp. Nos canais, é possível tirar dúvidas sobre o procedimento.
Onde
Na capital, a Hemominas fica na alameda Ezequiel Dias, 321, no bairro Santa Efigênia. O local abre de segunda-feira a sábado, das 7h às 18h.
* Mortes ainda não contabilizadas pela SES