Terceira maior causa de cegueira no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a miopia e a alta miopia têm preocupado especialistas de todo o mundo, especialmente no Brasil.
Uma recente pesquisa da OMS revela que, no nosso país, os casos de distúrbio visual aumentarão 89% entre 2020 e 2040, passando de 6,8 milhões de pessoas para 12,9 milhões. Para o mesmo período, a expectativa de crescimento da doença no mundo é de 49% – deve saltar de 399,4 milhões para 596,51 milhões.
Ainda de acordo com a OMS, há 20 anos apenas 2,2% da população do planeta sofria desse mal, que causa dificuldade para as pessoas enxergarem de longe.
Eletrônicos
No Dia do Oftalmologista, celebrado nesta terça-feira, 7 de maio, a oftalmologista Claudia Del Claro faz um alerta importante: o aumento no número de registros pode ser explicado pela mudança de hábitos de vida da sociedade, principalmente pelo uso dos dispositivos eletrônicos.
“Esses aparelhos têm causado uma verdadeira epidemia contra a boa visão”, diz. “A alteração refracional é mais frequente e se desenvolve rapidamente em pessoas que usam a visão de perto de maneira excessiva”, completa.
A especialista esclarece que, nos adultos, o uso desses aparelhos provoca desconforto, ardência e sensação de olho seco. “Olhar o celular, tablet, computador ou televisão em um quarto escuro causa fadiga ocular, por isso é essencial que se mexa nesses equipamentos com boa iluminação no ambiente, além de deixar uma distância de aproximadamente 40 cm em relação aos olhos”, orienta.
Crianças míopes
Já quando se trata de crianças, Cláudia aponta que elas não possuem o globo ocular e o sistema visual desenvolvidos e, por isso, os cuidados devem ser ainda maiores enquanto utilizam os dispositivos. “Quando os pequenos passam muito tempo olhando para perto, algumas estruturas intraoculares trabalham visando esse foco. Essa estimulação, em longo prazo, pode causar uma modificação na anatomia do olho, tornando-o mais longo, ou seja, míope”, enfatiza.
Outras causas comuns para o aparecimento do problema ocular têm relação com a hereditariedade e com os fatores ambientais. “A falta de atividade ao ar livre implica em um aumento do tempo usando a visão para perto, favorecendo o desenvolvimento e a progressão da miopia”, explica Bruno Freitas Lage, oftalmologista especialista em retina clínica e cirúrgica.
Ainda de acordo com ele, já está bem documentado que o distúrbio é mais prevalente em áreas urbanas.
Investigação
A recomendação médica é que todo paciente com miopia, independentemente do grau, faça o exame de fundo de olho com a pupila dilatada pelo menos uma vez por ano para detectar as complicações e tratá-las precocemente.
Pessoas com alta miopia (acima de seis graus), por exemplo, têm maior chance de desenvolver rupturas na retina. “Através dos exames é possível detectar essa condição, que se não for tratada precocemente, pode desencadear o temido descolamento de retina e levar até mesmo à cegueira”, informa Bruno Freitas Lage, oftalmologista.
Métodos
O tratamento da miopia consiste no uso dos colírios de atropina, lentes de contato rígidas, lentes de contato gelatinosas multifocais e óculos com lentes progressivas ou bifocais.
“Todos esses recursos terapêuticos têm eficácia comprovada para retardar ou prevenir a progressão da miopia. Caberá ao médico escolher o melhor tratamento para cada tipo de paciente”, aponta Bruno Freitas Lage, oftalmologista.