Belo Horizonte pode ter tido duas mortes por dengue hemorrágica na última semana. O primeiro caso aconteceu no domingo, quando uma detenta do Complexo Penitenciário Feminino Estevão Pinto, Alessandra Ferreira Silva, 41, morreu, no hospital Eduardo de Menezes. A segunda paciente, Jussara Christina dos Santos, 32, veio a óbito nessa terça-feira (23), na UPA do Barreiro.
Ambos os casos serão investigados pelo Estado. Na terça-feira, o governo de Minas, que já admitiu situação de epidemia, decretou situação de emergência em 335 municípios por causa da doença. O número de casos prováveis no Estado até 22 de abril era de quase 141 mil, com 14 mortes confirmadas e outras 57 em investigação.
Jussara Christina dos Santos, a segunda vítima fatal de dengue hemorrágica na capital, seria moradora de Ibirité, na região metropolitana de Belo Horizonte. A Secretaria Municipal de Saúde informou que os boletins epidemiológicos são divulgados toda sexta-feira, quando ocorreria a confirmação da morte por dengue, mas o caso de Jussara pode não ser incluído no próximo informativo, já que, de acordo com a pasta, a Funed precisa de mais tempo para confirmar, ou não, o diagnóstico.
Atenção
A diretora de Promoção à Saúde e Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde, Lúcia Paixão, voltou a afirmar ontem que há ampla circulação do vírus na capital. São 4.185 casos confirmados e 14.271 em investigação em Belo Horizonte. “A pessoa que apresentar sintomas tem que se hidratar e procurar assistência médica”, alerta Lúcia.
Cadeia registra mais de 50 casos
Administração Prisional (Seap) informou ontem que já foram constatados 50 casos de dengue no Complexo Penitenciário Feminino Estevão Pinto, no bairro Horto, na região Leste da capital. Uma prisioneira do regime semiaberto da mesma unidade prisional revelou à reportagem, sob sigilo, que há um elevado número de presas com sintomas da doença. “Há muitas meninas com os sintomas, e eles só dão paracetamol e manda beber água”, contou.
Uma agente penitenciária confirmou a informação. “Peço atendimento e, quando volto, no outro plantão, a menina ainda não foi atendida”, disse ela, que pediu para não ser identificada.
Investigação
Segundo a Seap, há outras duas possibilidades para a morte da detenta, Alessandra Ferreira: síndrome da angústia respiratória aguda e hemorragia pulmonar.
A Seap informou ainda que já solicitou exames periciais para averiguar ainda a probabilidade de dengue hemorrágica. A pasta garantiu que Alessandra foi levada no sábado para a UPA Leste e, depois, transferida para o Hospital Eduardo de Menezes
Agente diz que não há atendimento
Uma agente penitenciária que trabalha no Complexo Penitenciário Feminino Estevão Pinto denunciou que não há atendimento médico durante seu turno de trabalho, à noite. “Às vezes, nem paracetamol tem”, disse.
O ex-presidente da Comissão de Assuntos Carcerários da OAB, Fábio Piló, considera que o atendimento médico nas unidades prisionais é precário. “Quando há uma urgência por parte de detentos, é difícil que (a pessoa) seja levada a atendimento médico”, diz.
A Seap, em nota, garantiu que atendimento imediato é imediatamente prestado em todos os casos. Além disso, medidas de prevenção no complexo já foram tomadas. (AD)