Faltam equipamentos, fiscais e verba para vistorias de barragens
PUBLICADO EM 11/02/19 - 03h00
TATIANA LAGÔA
Depois da tragédia na barragem da Vale, em Brumadinho, que até este domingo (10) havia deixado 165 mortos e 160 desaparecidos, o governo federal prometeu fazer um pente-fino nas estruturas em todo país. Mas, em Minas Gerais, onde há o maior número de reservatórios de mineração, faltam condições mínimas para isso. Os fiscais da Agência Nacional de Mineração (ANM)estão tendo até que ratear o custo do diesel das caminhonetes com dinheiro do próprio bolso. No popular, estão fazendo “vaquinha” para conseguir chegar até as estruturas, sem qualquer previsão de ressarcimento.
“A força-tarefa anunciada está indo como dá. Porque nem dinheiro para combustível a ANM nacional nos enviou. Nós é que estamos pagando o diesel para conseguir chegar até as barragens em risco. E não sabemos quando vamos ter o dinheiro de volta”, conta um dos profissionais, que pediu anonimato com medo de retaliação no emprego. A reportagem ouviu três servidores que relataram muita dificuldade de manter as atividades sem recursos suficientes.
A situação está tão crítica que os profissionais da ANM enviaram um abaixo-assinado ao governo federal pedindo a adoção de medidas urgentes. No documento, ao qual a reportagem teve acesso, os profissionais que seriam os designados para atestar as condições das barragens citam a dificuldade de chegar até Brumadinho no dia em que a barragem I da mina de Córrego do Feijão se rompeu. “Enquanto Ibama foi um dos primeiros a chegar à área da barragem logo após a ruptura, de helicóptero, para chegarmos ao local, um colega especialista em recursos minerais teve que abastecer a caminhonete utilizando recursos próprios para pagar o combustível, devido à indisponibilidade de verba para esse fim na gerência regional de Minas Gerais”, dizia o manifesto, entregue na última quinta-feira ao governo federal.