O último contato que o encarregado de obras Elias José Maria, 58, teve com a filha única dele, Anna Luísa Fernandes de Paiva Maria, 16, foi por telefone, às 18h30 do último feriado de 15 de novembro. Ela estava no clube, com o namorado, e disse que já estava indo para casa. “Filha, você está contente?”, quis saber ele. “Estou, pai, estou muito feliz. Foi um dia maravilhoso”, respondeu a adolescente. “Cuidado, filha. Está chovendo muito!”. E ela o acalmou: “Vou esperar um pouco. Vou fazer um lanche para depois a gente ir.” Mas foi a chuva que interrompeu a vida de Anna Luísa, mais tarde, naquele mesmo dia, na avenida Álvaro Camargos, no São João Batista, em Venda Nova.
A demora para chegar em casa preocupou os pais. “Ninguém conseguia falar com ela, nem com o namorado, e eles sempre foram atenciosos”, conta o pai. “Deu pânico. Cadê a Anna Luísa? Cadê a Anna Luísa?”, lembra ele, chorando.
Por volta das 21h, chegou a notícia triste. “O carro do namorado colidiu com o bueiro, que estava com a tampa exposta, no meio da inundação, e a avenida virou um rio. Minha filha foi descer por uma porta, o namorado pela outra, pois os bombeiros haviam dito que era perigoso ficar no veículo, e eles desceram bem cima do bueiro. Infelizmente, eles não tinham a visão do local”.