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Traçado sinuoso deixa “nota” da BR–381, sentido Vitória, ruim | Foto: Fred Magno
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Na BR–381, no sentido São Paulo, pista dupla melhora a avaliação | Foto: Ronaldo Silveira
PUBLICADO EM 18/10/18 - 03h00
CLARISSE SOUZA
A malha rodoviária de Minas Gerais pede socorro. Levantamento feito pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) e divulgado nesta quarta-feira (17) aponta que 61,3% dos trechos de estradas que cortam o território mineiro estão em situação regular, ruim ou péssima. A situação do Estado é pior que a média nacional, que tem 57% das rodovias nessa situação. Buracos, sinalização precária e curvas perigosas são apenas alguns dos problemas que levam perigo aos motoristas.
O levantamento analisou 15.236 km de estradas federais e estaduais pavimentadas em Minas. Do total, apenas 8,2% é considerado ótimo. O dado mais preocupante está ligado à geometria das vias. Quase 90% das estradas no Estado têm pista simples e circulação de mão dupla. Somente 6,4% possuem pista dupla com canteiro central.
A BR–381, entre os municípios de Governador Valadares e Mantena, na região do Rio Doce, por exemplo, foi considerada regular na classificação geral, mas foi avaliada como péssima quando o critério é a geometria.
O pior caminho que o motorista enfrenta, no entanto, é o que liga Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, à BR–101, na Bahia. Estrada malsinalizada, buracos e pista sinuosa fazem do trecho da BR–418 um dos mais mal-avaliados do país, ao ocupar o 106° lugar no ranking, que é composto por 109 ligações rodoviárias.
Análise
“Muitas dessas estradas são antigas e foram pavimentadas há décadas. O tráfego era muito menor, sem tantos caminhões pesados e com velocidades mais baixas. O que temos hoje é uma desatualização do traçado em função da mudança de perfil do trânsito”, avalia o consultor em engenharia de transporte Osias Batista Neto. Ele entende que há a necessidade de se fazerem estudos sobre o número de acidentes, um indício de que o trecho é perigoso, e, a partir daí, realizar obras.
Em nota, o Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DEER-MG) informou que, desde julho de 2015, investiu R$ 2,2 bilhões em obras nas rodovias mineiras, além de manutenção de rotina, num total de 27,5 mil quilômetros de estradas atendidas (com ou sem pavimentação). O DEER-MG atribui a avaliação ruim das estradas de Minas ao relevo acidentado do Estado e afirma que os dados poderiam ser melhores “caso o item sinuosidade tivesse seu peso relativizado para regiões de montanha e de planície”.
O Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes foi procurado nesta quarta-feira, mas não havia se manifestado até o fechamento desta edição.
Melhores trechos são privatizados
Em contrapartida às estradas que amargam as piores posições no ranking da CNT, o trecho que liga Uberaba, no Triângulo Mineiro, a São Paulo (SP) aparece no alto da lista, sendo o melhor de Minas e ficando em quarto lugar na classificação nacional. A ligação rodoviária avaliada pelo órgão compreende partes da BR–050, em Minas, e da SP–330, já em São Paulo. O trecho é privatizado.
A Rodovia Fernão Dias, entre Belo Horizonte e São Paulo (SP), também figura entre as melhores do país, conforme o levantamento. Segundo melhor trecho em Minas, ela fica na 14ª posição no país e também está sob responsabilidade de uma concessionária. Ela é apontada como ótima pela pesquisa, considerando-se sinalização, pavimentação e desenho da pista.
O trecho entre Uberaba, no Triângulo, e Brasília (DF), com acesso pelas BRs 050, 040, 365, DF–001 e BR–251 aparece em 27°, avaliado como bom.