Rio de Janeiro. Após sua rejeição crescer 11 pontos percentuais e chegar a 38%, como mostrou a pesquisa Ibope na segunda-feira, e também atingir 41% no levantamento do Datafolha desta terça-feira (2), o candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, creditou o resultado aos ataques que recebeu do PSDB. Ele também criticou, pela primeira vez, de forma indireta, o candidato do PSL, Jair Bolsonaro.
“Alimentar o ódio é alimentar o fascismo. Quanto mais a gente alimentar o ódio, mais o fascismo vai crescer. Parte expressiva da elite brasileira abandonou a social-democracia para o fascismo”, disseHaddad aos jornalistas nesta terça-feira, ao visitar a Fiocruz, no Rio de Janeiro. Questionado se falava de Bolsonaro quando citou o fascismo, Haddad não respondeu diretamente. “Entendam como vocês acharem melhor”, afirmou.
A rejeição a Haddad chama ainda mais a atenção quando comparada com a que seu padrinho político, o ex-presidente Lula, tinha na última pesquisa Ibope antes de o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidir que ele estava inelegível. Na sondagem divulgada em 20 de agosto, Lula tinha 30% de rejeição, ante 37% de Bolsonaro. De acordo com o Datafolha, Haddad tem 21% das intenções de voto, 11 pontos percentuais atrás do líder das pesquisas, Jair Bolsonaro, que tem 32%.
O petista não respondeu aos questionamentos sobre a delação do ex-ministro Antonio Palocci, cuja colaboração teve o sigilo levantado pelo juiz Sergio Moro. Questionado sobre as recentes declarações do ex-ministro José Dirceu de que o Ministério Público deveria perder o poder para comandar investigações, o ex-prefeito disse que “não comentaria”.
Agenda
Também nesta terça-feira Haddad disse que vai reforçar o contingente da Polícia Federal para que os agentes atuem no combate aos crimes de tráfico de drogas, homicídios e feminicídios. O petista não deixou claro se pretende federalizar os tipos citados. O crime internacional de drogas já é federal, por exemplo, mas a venda em território dos Estados é de competência estadual.
Haddad esteve em agenda de campanha em Campo Grande, na região Oeste do Rio. O candidato saltou da van e subiu em um carro de som posicionado no calçadão comercial do bairro, atualmente dominado por um grupo miliciano. Não houve caminhada no local. Haddad discursou por dez minutos e deixou Campo Grande rapidamente.
Novos ataques
Educação. Na Baixada Fluminense, Haddad afirmou que fez mais pelo Rio como ministro do que Bolsonaro em sua carreira como deputado do Estado e disse que o militar tem problemas psicológicos.
Temor petista
Tensão
A coordenação da campanha de Fernando Haddad está preocupada com o impacto negativo da delação do ex-ministro Antonio Palocci nesta reta final do primeiro turno. A avaliação da cúpula petista é que o material pode aumentar o índice de rejeição a Haddad nas pesquisas.
Repercussão
A apreensão do grupo é que o conteúdo do acordo ajude a cristalizar o voto útil contra o PT. O assunto foi abordado com exaustão em grupos de WhatsApp de envolvidos na campanha que ainda buscam um caminho para que as declarações do ex-ministro não atinjam Haddad.