disputa por indicação para compor a Comissão Especial do Impeachment do governador Fernando Pimentel (PT) já movimenta os bastidores das Assembleia Legislativa. Enquanto há parlamentares que afirmam que vão disputar uma das sete vagas como membros do colegiado, há quem não queira o posto de jeito nenhum.
Na turma dos deputados que preferem não fazer parte da comissão são duas as principais preocupações. A primeira é evitar uma exposição que pode ser prejudicial durante o período eleitoral. Isso porque, se o impeachment prosseguir, os trabalhos serão realizados justamente durante a campanha. O segundo motivo é que muitos parlamentares não querem se indispor com o governo. Até mesmo deputados do bloco de oposição estariam evitando assumir a indicação para não sofrer possíveis retaliações do Palácio da Liberdade, principalmente relacionadas à liberação de emendas parlamentares.
Do outro lado estão os deputados que querem ser um dos sete indicados justamente para ter uma maior exposição no período eleitoral e usar essa visibilidade para ganhar um número de votos que garantiria a reeleição.
“Não vai ser fácil escolher os indicados para formar essa comissão. Falo até que será uma das decisões mais difíceis da minha carreira política. No bloco de oposição, teremos que selecionar, porque muita gente quer fazer parte da comissão do impeachment. Eu, pessoalmente, não pretendo fazer parte”, disse o líder da oposição, Gustavo Corrêa (DEM). Ele explica que, apesar da vontade dos deputados, ele vai fazer a escolha analisando o perfil. “Não pode ser uma escolha aleatória. O deputado precisa ter um conhecimento jurídico para fazer uma análise embasada da denúncia. Também não pode ser um deputado com um perfil muito agressivo”, completou.
Entre os independentes, as indicações devem depender das negociações com o governo. Segundo um articulador, se houver um clima mais amistoso, serão indicados deputados mais próximos ao governador. Já se as conversas azedarem, os indicados serão de um perfil mais agressivo.
Na base do governo, a informação oficial é que as conversas estão paradas, já que eles ainda acreditam na possibilidade de arquivamento do processo de impeachment. “Não estamos pensando ainda nas indicações. Ainda temos que esperar a decisão das questões de ordem”, disse o líder de governo Durval Ângelo (PT).
As questões de ordem a que ele se refere são os dois pedidos de nulidade do impeachment apresentados pelos deputados Rogério Correia (PT) e André Quintão (PT). Eles precisam ainda ser analisados pelo presidente da Assembleia, Adalclever Lopes (MDB). Enquanto não há uma decisão, a contagem do prazo de cinco dias úteis para indicação dos nomes para a Comissão Especial de Impeachment não começa a valer.
A base do governo tem direito a indicar três nomes. Os blocos independente e da oposição indicarão dois parlamentares cada um. Mesmo após a indicação dos líderes partidários, a composição do colegiado precisa ser aprovada pelo plenário, por maioria simples. (Bernardo Miranda)