O possível aumento de 29,1% na conta de água paga pelos itabiranos voltou a render debate na Câmara de Vereadores na última terça-feira, 19 de setembro. Os parlamentares aprovaram, por unanimidade, uma moção de repúdio proposta por Weverton Vetão (PSB). O documento, endereçado ao Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) e à agência que regula esse tipo de serviço em Minas Gerais (Arsae), critica o percentual de reajuste.
O autor do requerimento levou para a Câmara dois litros de plástico, um vazio e outro com água barrenta. Vetão afirmou que os recipientes simbolizavam duas realidades do itabirano: uma parte que não tem água em casa e outra que recebe água imprópria para consumo. Ele ressaltou que os litros eram apenas representativos, mas não deixou de criar polêmica. Vereadores da base governista, como Paulo Soares (PRB) e Heraldo Noronha (PTB), acusaram o colega de “fazer teatro” no legislativo.
Durante a votação do requerimento, todos os vereadores que discursaram criticaram a possibilidade de aumento. Os legisladores citaram o momento econômico complicado pelo qual atravessa o município e o número de desempregados na cidade. A falta de água em determinados bairros também foi lembrada pelos parlamentares. “Inviável”, “inadmissível”, “péssima hora” e “absurdo” foram termos usados pelos legisladores.
Apesar de ter votado favorável à moção de repúdio à possibilidade de aumento na conta de água, Solimar Silva (SD) ponderou que a cidade só atravessa este momento com relação ao abastecimento porque as autoridades políticas não se preocuparam com o tema nos anos anteriores. Ele conclamou que os itabiranos economizem o recurso. “Nos últimos 30 anos não houve nessa cidade nenhum investimento considerável em abastecimento de água. Agora, estamos correndo contra o tempo. Não sou a favor de aumento, ainda mais deste tamanho, mas o itabirano precisa saber a verdade”, afirmou.
A moção de repúdio só não foi votada pelo líder do governo na Casa, Allaim Gomes (PDT), que não participou da reunião por problemas de saúde, e pelo presidente Neidson Freitas (PP), que pelo regimento interno só pode votar em caso de empates. Todos os demais 15 vereadores se manifestaram pela aprovação.

Vetão e Paulo Soares trocaram farpas por causa de litros levados pelo oposicionista à Câmara
Argumentos
O índice de aumento na tarifa da água ainda não foi definido pela Arsae. A agência reguladora realizou uma audiência pública em Itabira no último dia 12 para tratar do assunto. Segundo o órgão, o reajuste, se concedido, possibilitará que o Saae promova investimentos em saneamento rural e em obras de segurança hídrica, umas das principais necessidades apontadas pelo Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB) de Itabira.
Também de acordo com a Arsae, a revisão tarifária permitirá que o Saae, pela primeira vez, tenha condições de prestar serviços de saneamento rural e realizar interligação das redes coletoras de esgoto do município. Por fim, outra reivindicação importante que está sendo atendida, frisa a agência, é a inclusão de recursos para a recomposição do pavimento das ruas danificadas pelo Saae. A previsão é que sejam aplicados R$ 8,526 milhões em investimentos nos dois anos de vigência da revisão tarifária.
Os itabiranos têm até o dia 27 de setembro para emitir opinião sobre o reajuste tarifário. A "audiência pública virtual" é realizada por meio do site da Arsae. Veja aqui!