Não há como fazer um grande Festival de Inverno, como Itabira merece e precisa, sem uma programação estupenda, variada e surpreendente. Não é festival musical, portanto, é preciso ter artes plásticas, literatura, cinema, teatro, pintura, fotografia, dança e outras expressões, com abundância.
Fazer um festival de artes sem literatura, na terra de Carlos Drummond de Andrade, é quase um delito. “Ah, mas o show de fulano estava lotado.” Uai, e quem decidiu que presença de público significa, necessariamente, festival excelente? Se assim fosse, era só escalar É O Tchan; lotaria. Analisemos com a seriedade exigida pelo assunto.
Não há como fazer um grande Festival de Inverno sem captar recursos determinantes na iniciativa privada. Não há como fazer um grande Festival de Inverno sem mudar a rotina da cidade, deixá-la mais gostosa e bonita, ainda mais propícia a bons encontros. Não há como fazer um grande Festival de Inverno sem fixar o evento como prioridade na agenda de muita gente, inclusive de fora.
Não há como fazer um grande Festival de Inverno sem pensá-lo também como negócio. Não há como fazer um grande Festival de Inverno sem debates sobre assuntos contemporâneos candentes. Não há como fazer um grande Festival de Inverno sem marcar gols de placa, ou seja, ofertar surpresas que toquem fundamente a população pelo belo, pela provocação e pelo ineditismo. Exemplo: as enormes obras de aço de Amílcar de Castro espalhadas por ruas em 2000.
Não há como fazer um grande Festival de Inverno, como Itabira merece e precisa, sem tratar a cultura também como desenvolvimento social, não apenas como fruição estética.
O Festival de Inverno precisa virar ferramenta de combate ao preconceito, à baixaria, ao obscurantismo, colocando a cidade em alto nível, mas para cumprir essa função com eficácia tem de ser enorme, estudado com esmero, bem arquitetado. Chega de improvisação.
Aqui é Itabira, não é Botina Velha de Minas, e Itabira não tem direito de ser pequena na cultura. Aguardemos a próxima edição, torcendo para que o acaso nos ajude. Sei lá, sei lá, vai que aconteça não sei o quê e a coisa vai, talvez. Urge.
O TREM ITABIRANO
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