Depois de um início de manhã com impacto pequeno nas partidas desta segunda-feira (19) do Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, a paralisação nacional de pilotos e comissários de bordo começou a provocar efeitos no terminal aeroporto depois das 8h, horário em que o ato terminou.

O problema é o efeito cascata, pois aeroportos com adesão maior ao movimento grevista, como os de São Paulo e Rio de Janeiro, estão com pátios cheios e sem condições de receber todos os voos programados. Às 9h05, Confins tinha duas partidas canceladas para o aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro - voos GLO 2051 e GLO 2054. 

Segundo a GRU Airport, concessionária que administra o Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, dez voos foram afetados pela greve dos aeronautas. Nos aeroportos de Galeão e Santos Dumont, no Rio de Janeiro, alguns voos chegaram a ser suspensos. 

O militar Diogo de Araújo ia de Natal para o Rio, com escala em Belo Horizonte. Ele estava revoltado com a possibilidade de não viajar. "Nem penso nessa possibilidade. Vamos ver o que a companhia aérea vai me oferecer, senão pretendo acioná-la  judicialmente", disse.

Tripulantes aéreos iniciaram uma paralisação no aeroporto de Congonhas por volta das 6h. Pilotos e comissários de voo começaram a se reunir no saguão do aeroporto e somavam cerca de 30 pessoas. Por volta de 6h30, havia quatro voos atrasados, segundo um dos painéis no saguão -um para o Rio de Janeiro, dois para Belo Horizonte e um para o Recife.

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Segundo o presidente do sindicato, Henrique Hacklaender, a mobilização não tem data para terminar. "Esperamos que o saguão esteja cheio de tripulantes, porque as empresas estão sendo intransigentes", afirmou.

A Gol informou que, durante o período da paralisação dos aeronautas, entre 6h e 8h, todos os voos previstos foram operados e apenas alguns sofreram atrasos. "Todos os esforços estão sendo empregados em tratar as contingências com nossos Clientes, minimizando muito os impactos.  A Companhia coloca todos os seus canais de atendimento à disposição e recomenda que os Clientes acompanhem o status dos seus voos".

A Latam afirmou que boa parte de sua operação encontra-se normal, com apenas alguns impactos pontuais em alguns voos. "Este movimento está relacionado à negociação do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (SNEA), e não da negociação do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) da LATAM", disse a empresa, que apresenta os status dos voos pela internet. Segundo a Latam, a negociação com o sindicato vem acontecendo desde setembro. 

De acordo com a companhia, os passageiros com voos afetados pela greve desta segunda-feira "poderão remarcar gratuitamente os seus voos ou, em caso de desistência, solicitar o reembolsos dos seus bilhetes. Em paralelo, passageiros afetados por atrasos receberão todas as assistências materiais previstas pela legislação em vigor". 

A Azul decidiu não comentar o assunto. 

Profissionais pedem recomposição salarial

De acordo com Ronie Gaião, diretor de regulamentação e convenções coletivas do Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), os profissionais pedem recomposição salarial e que acabe a “invasão” das folgas, ou seja, que as empresas não cancelem os descansos previamente programados.

“As empresas estão conseguindo lucros superiores ao período pré-pandemia. Elas têm mostrado nos relatórios para os investidores que o preço médio da tarifa é o maior da história, que nunca tiveram tanto lucro. É justo que a gente seja reconhecido financeiramente, até porque na pandemia muitos de nós tiveram os salários reduzidos”, afirma. 

O SNA afirma que a greve da categoria acontece entre 6h e 8h, que poderá se repetir por prazo indeterminado. Segundo a entidade, serão atrasadas as decolagens de voos de alguns dos aeroportos de São Paulo, Rio de Janeiro, Campinas, Porto Alegre, Brasília, Belo Horizonte e Fortaleza.

O sindicato informa que vai cumprir a decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST) que, na sexta-feira (16), determinou que 90% dos pilotos e comissários mantenham suas atividades durante o período da paralisação.

A ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, do TST, também impôs multa de R$ 200 mil caso o SNA não cumpra a determinação. A decisão atendeu parcialmente o pedido feito pelo Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (SNEA), que solicitava o cancelamento total da greve, em detrimento da decisão pela paralisação, e multa de R$ 500 mil por dia.

De acordo com a magistrada, a greve tem aptidão para gerar graves impactos na sociedade, notadamente por ser aprovada em período de aumento da demanda no setor de transporte coletivo aéreo.

(Com Cinthya Oliveira, Folhapress e Estadão Conteúdo)

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