AS Notícias Online
HOME POLÍCIA POLÍTICA ESPORTE GERAL EVENTOS EMPREGOS AGENDA VÍDEOS CONTATO

GERAL
Livrarias de rua de BH comemoram clientela após período de crise
28/03/2022

 

Proprietários dizem que mercado segue promissor e sai mais forte da pandemia

Livraria Quixote em Belo Horizonte
Faturamento registrado no início deste ano pela livraria Quixote, na região da Savassi, supera até o momento pré-pandemia
Foto
Foto: João Godinho - O TEMPO

Após 48 anos de funcionamento na região da Savassi, Centro-Sul de Belo Horizonte, a livraria Ouvidor fechou as portas definitivamente no último mês.

O movimento foi o mesmo de outros estabelecimentos de rua da região, como a Travessa e a Status, que deixaram de funcionar nos últimos anos. Nos shopping centers, o belo-horizontino também viu desaparecerem as unidades da Saraiva e da Fnac. 

Por outro lado, a mineira Leitura continuou a abrir novas unidades durante a pandemia e pretende chegar à centésima loja neste ano.

Ao mesmo tempo, proprietários de livrarias de rua que resistem em Belo Horizonte garantem que o mercado continua promissor, numa marcha para a recuperação após as fases mais rígidas da crise sanitária. 

A poucas portas da antiga Ouvidor, na rua Fernandes Tourinho, na Savassi, a livraria Quixote tem assistido ao aumento do movimento significativamente neste ano, após a onda da ômicron baixar, segundo a proprietária, Cláudia Masini. 

“Meu crescimento do início do ano até agora é maior do que nesse mesmo período em 2019, antes da pandemia. É um crescimento pequeno, em torno de 8%, mas comparado a 2021 é muito maior. Acho que as livrarias de rua saem mais fortes deste momento. Ainda temos condições de prosperar e encantar as pessoas”, diz Cláudia. 

Estratégia

No pico de infecções em 2021, entre março e abril, ela cogitou encerrar o negócio e recorreu à venda de vales de compra antecipados – entre R$ 80 e R$ 1.000. Segundo Cláudia, a estratégia foi um sucesso, e o impulso permitiu manter a livraria girando.

“Estamos abertos por causa disso. Vendi quase como no Natal, as pessoa foram supersolidárias. Para quem se importa, ver a cidade fechada, triste como estava, acendeu uma luzinha de conscientização”, conta.

Com aposta total na convivência, a livraria não trabalha nem planeja fazer vendas por sites na internet. 

Na Livraria da Rua, que abriu há quatro anos na Savassi, o faturamento não alcança números pré-pandêmicos, de acordo com o proprietário, Alexandre Machado.

“Ainda não recompusemos as perdas, mas há dias de muito movimento, até mais do que antes da pandemia. Já teve gente entrando aqui dizendo que queria sentir o cheiro da livraria de novo”, diz Machado.

Agora, ele tenta investir em uma estrutura para vendas online, que seguiram somente pelo WhatsApp durante a crise sanitária e o fechamento do comércio. 

Dono da Scriptum, também na Savassi, Welbert Belfort vislumbra que a volta das aulas presenciais na PUC Minas e na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) deve impulsionar as vendas da livraria, famosa entre estudantes.

Diferentemente dos concorrentes, Belfort aposta alto nas vendas online há anos, já que vende para todo o país. “Inicialmente, o e-commerce aumentou 60%, mas depois voltou a cair, no período de férias das universidades e das escolas”, diz.

O empresário também planeja com expectativa o novo calendário de lançamentos de livros com presença dos autores, momentos que representam picos de venda para as livrarias de rua. 

País perdeu cerca de 20% das lojas em dez anos

O último censo da Associação Nacional de Livrarias (ANL) foi realizado em 2013, quando havia 3.029 livrarias no Brasil. Um novo levantamento ainda será realizado neste ano, mas o presidente da associação, Marcus Teles, mensura que o país tenha entre 2.300 e 2.400 livrarias.

“Houve pelo menos 20% de queda”, pontua. Ele pondera, porém, que haja movimentos de abertura mesmo em meio a fechamentos. Em São Paulo, a Livraria da Vila expandiu durante a pandemia.

"Tivemos processo de recuperação judicial de duas redes nos últimos anos, então lojas fecharam, mas outras abriram no lugar”, diz Teles. No Diamond Mall, por exemplo, no bairro Lourdes, a unidade da Saraiva foi substituída por mais uma Leitura.

Leitura planeja chegar a cem unidades em 2022

A Livraria Leitura, inaugurada no centro de Belo Horizonte em 1967, planeja chegar ao final deste ano com cem unidades ao redor do Brasil – Minas Gerais, que tem 24 unidades, deve ganhar mais uma, na área de embarque do Aeroporto de Confins. 

Também presidente da Associação Nacional de Livrarias (ANL), o sócio-diretor da Leitura, Marcus Teles, avalia que a pandemia inverteu o equilíbrio de vendas de livrarias físicas e online.

“Antes da pandemia, pouco mais da metade das vendas das livrarias no Brasil era física, e um pouco menos era online. Hoje, o online voltou um pouco maior do que as livrarias físicas. No caso da Leitura, no online, 95% das vendas são de livros, e, nas lojas físicas, 64%”, diz. 

Segundo Teles, a previsão para este ano é de vender mais de 1 milhão de livros no online. Já nas lojas físicas, esse número é ainda maior. 

Para competir com gigantes do comércio online, que têm maior poder de barganha, ele defende a Lei José Xavier Cortez, que restringe descontos acima de 10% em livros durante o primeiro ano de vendas.

“Há leis parecidas na Argentina, no México, na União Europeia, na Coreia do Sul, no Japão”, lista o presidente da ANL.

 


 

 

E-mail: contato@regionaldigital.com.br

REGIONAL DIGITAL 2025. Todos os Direitos Reservados.
REGIONAL DIGITAL
INFORMAÇÃO DE QUALIDADE!
Desenvolvedor: SITE OURO