O secretário de Saúde, Jackson Machado, depõe pela segunda vez à CPI da Covid-19

Foto: João Godinho/O Tempo

O secretário de Saúde de Belo Horizonte, Jackson Machado, negou privilégios concedidos ao Shopping Oiapoque quando a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) autorizou a reabertura temporária de shoppings populares. Machado participou, nesta quinta-feira (4), na CPI da Covid-19, de acareação diante do proprietário do Oiapoque, Mário Valadares. Os parlamentares suspeitam que a doação de oito respiradores, mais acessórios de ventiladores pulmonares, em julho de 2020, de Valadares ao Executivo, teria sido uma troca de favores para a flexibilização do funcionamento do shopping. A doação foi avaliada em R$ 308 mil.

Ao ser questionado pelo vereador Irlan Melo (PSD) se teria havido um acordo, Machado desmentiu ao apontar a ordem cronológica da doação e da reabertura temporário dos shoppings temporários. “Não houve qualquer acordo, mesmo porque, cronologicamente – se me permitem –, no dia 20 de março de 2020 as atividades comerciais foram fechadas. No dia 25 de maio, o comércio foi reaberto, inclusive o Shopping Oiapoque, como uma medida exclusivamente social, já que os comerciantes são pessoas de baixa renda que estavam em muitíssimo sofrimento”, argumentou.

O secretário de Saúde lembrou que, em 8 de junho, a reabertura foi ampliada pelo Município, mas, em 29 de junho, as atividades econômicas foram novamente restritas. “O contato com o senhor Mário (para a doação) aconteceu no início de julho. Portanto, depois do fechamento do Shopping Oiapoque. Quando a nova reabertura foi feita, todos os shoppings da cidade, inclusive os populares, abriram. Não há motivo para se pensar e não houve qualquer contato no sentido de que o Shopping Oiapoque fosse privilegiado por qualquer ação da Prefeitura”, ressaltou. A doação dos equipamentos foi registrada no Diário Oficial do Município (DOM) em 1º de junho de 2021.

Entretanto, a vereadora Flávia Borja (Avante) lembrou que, ao contrário do Shopping Oiapoque, a Feira Hippie, cujo perfil de vendedores é semelhante, não reabriu. “Não foi exclusivamente o shopping do senhor Mário que reabriu. A Feira Hippie não foi reaberta porque estávamos em reuniões constantes com a Secretaria Municipal de Políticas Urbanas fazendo um novo desenho das barracas para evitar que acontecesse as aglomerações, como normalmente vemos. Milhares de ônibus parados ali e aquele tanto de gente. E a feira traz um contingente de pessoas de outros municípios para Belo Horizonte, o que pode trazer variantes que estavam em circulação em outras cidades.”

O presidente da CPI da Covid-19, vereador Juliano Lopes (Agir), por sua vez, questionou Machado por que a doação dos respiradores, bem como dos demais acessórios feita por Valadares foi registrada apenas um ano depois. “(...) A Prefeitura publica a doação um ano depois e todo mundo fica com uma interrogação. Não só a CPI, mas a cidade de Belo Horizonte. A Prefeitura errou. Tinha que ter publicado essa doação imediatamente quando aconteceu. Essa é a grande interrogação.”

O secretário da Saúde atribuiu o atraso às dificuldades de rotina impostas pela pandemia à equipe da pasta. “Foi impossível realizar a publicização ao mesmo tempo em que as doações ocorreram. No entanto, as doações foram publicadas (no Diário Oficial) com as datas em que foram recebidas. Nós primamos pela transparência em respeito à população. Apesar de todas as doações ao Município terem sido publicadas em conjunto, ao mesmo tempo, registramos as datas em que as doações ocorreram.”