Líderes mineiros do centrão não veem clima para impeachment de Bolsonaro
01/07/2021
Deputada Alê Silva compartilhou em sua conta no Twitter uma mensagem de apoio a Bolsonaro
Foto: Uarlen Valério/O Tempo
O líder da maioria na Câmara, e também líder da bancada mineira, deputado Diego Andrade (PSD-MG), ainda não vê clima para abertura de um processo de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). “Essa posição de botar o Brasil em guerra agora, sendo que já tem eleição no ano que vem. Eu acho que (a prioridade agora) é tentar vacinar o povo. É isso com nós temos que nos preocupar, além de retomar a economia”, disse, desconversando sobre o tema.
Já o senador Carlos Viana (PSD-MG), que é vice-líder do governo no Senado, também não comentou o superpedido de impeachment protocolado hoje, mas disse que todas as denúncias tem que ser investigadas e que o presidente Bolsonaro é o principal interessado em ter tudo esclarecido.
“Um ponto que tem sido muito claro é que o governo é o primeiro interessado na investigação de qualquer tipo de denúncia. Até o momento, não há qualquer prova do envolvimento do presidente da República na compra de vacinas, insumos ou qualquer outro equipamento para o Ministério da Saúde. É natural que a oposição utilize das falas dos depoimentos. Faz parte do jogo político. Mas, nós temos que nos basear em provas. As investigações continuam e vamos acompanhando todos os desdobramentos”, disse.
Entre a bancada mineira na Câmara, nenhum dos deputados bolsonaristas mais próximos do presidente Jair Bolsonaro se manifestaram. A reportagem tentou ouvir Alê Silva (PSL-MG), Cabo Junio Amaral (PSL-MG) e o ex-ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio (PSL-MG). A deputada Alê Silva, no entanto, compartilhou em sua conta no Twitter uma mensagem que diz: “Esse super pedido de impeachment contra o Bolsonaro reúne tudo que não presta: Freixo, Joice Hasselmann, Kim Kataguiri, Benedita e algumas entidades. Mas faltou combinar com o principal e único que presta. "O POVO"! #BolsonaroIncorruptivel”.
Na última segunda-feira, tanto Alê Silva quanto Cabo Junio, em entrevista ao jornal O Tempo, afirmaram que não havia crime nem provas de corrupção no governo Bolsonaro. “Não teve a execução de nenhum crime”, disse Cabo Junio. E continuou: “Como não houve nenhum pagamento nesse contrato específico, não tem o que se falar em crime punível. E, se não tem nenhum crime, como vai se vincular alguma coisa ao presidente? Mas, eu entendo a oposição fazer esse tipo de ação porque é o que resta para tentar desqualificar moralmente o presidente”.
O deputado e presidente do PSDB em Minas, Paulo Abi-Ackel, avalia que ainda não há ambiente para aprovação de um pedido de impeachment contra o presidente. Lembrou que falta pouco mais de um ano para que o mandato de Bolsonaro se encerre, sinalizando que o melhor seria esperar o resultado das urnas, embora o PSDB tenha sido um dos principais motores do processo de impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff.
“Não podemos banalizar o instituto do impeachment, aqui no Brasil já utilizado duas vezes em pouco mais de três décadas. Falta um ano para o período eleitoral e um ano e meio para o final do Governo e talvez por isso, ainda não vejo ambiente propício no Congresso para a instauração do processo. É uma constatação”, disse o deputado.
Oposição
Os deputados de esquerda Áurea Carolina (PSOL) e Rogério Correia (PT) assinam o superpedido de impeachment protocolado na Câmara. Segundo Correia, diferentemente dos anteriores, agora o pedido é mais robusto porque inclui todas as denúncias anteriores, e acrescenta a questão da corrupção e também da prevaricação, indicadas no depoimento dos irmãos Miranda na CPI da Covid no Senado.
Ele também avalia que o momento também aponta para uma mudança na correlação de forças da Câmara, o que pode favorecer a abertura de um dos mais de 130 processos protocolados desde o início do mandato de Bolsonaro. “Setores do Centrão já estão alterando a visão e a movimentação social irá impulsionar o impeachment”, avalia o deputado.
Inclusive, uma manifestação contra o presidente Bolsonaro, inicialmente marcada para 24 de julho, foi adiantada para o próximo sábado (3). O movimento está sendo convocado pelas Frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular e também por outros movimentos sindicais, sociais e suprapartidários.
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