ALMG cria comissão especial para discutir venda de estatais
08/06/2021
Governo Zema tem intenção de privatizar a Copasa e a Cemig, mas não enviou projeto à ALMG
Foto: Ivanildo Lúcio/Live/Reprodução
Enquanto as privatizações não deslancham no governo de Romeu Zema (Novo), a Mesa Diretora da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) criou uma comissão extraordinária para discutir as vantagens e as desvantagens de vender as empresas estatais mineiras.
Zema já demonstrou intenção de privatizar a Copasa e a Cemig, mas até o momento só enviou o projeto de lei pedindo autorização para vender 100% das ações da Codemig. O objetivo da comissão extraordinária é se aprofundar no estudo das privatizações, realizando debates e audiências públicas sobre o tema.
Dessa forma, a criação da comissão não deve interferir na tramitação da proposta de privatização que já está na Casa e dos projetos tratando da venda de outras estatais que podem chegar, já que não é um pré-requisito regimental que elas sejam aprovadas no colegiado.
“Se a gente conseguir convencer a maioria dos deputados da necessidade, por exemplo, da privatização da Codemig, eu não vejo problema em termos a comissão de privatização discutindo esse assunto ou (da venda) de outras empresas, e a gente tramitando o projeto na Assembleia da privatização da Codemig. Uma coisa não atrapalha a outra”, disse o líder de Governo, Gustavo Valadares (PSDB).
O parlamentar considera positiva a criação da comissão porque, na avaliação dele, é necessário quebrar a resistência no Legislativo sobre o assunto. “Essa discussão pode trazer bons argumentos para a privatização, como pode lá na frente nos trazer maiores argumentos contra a privatização. Mas é importante iniciarmos a discussão”, afirma.
Apesar de Valadares ver a comissão como positiva, a criação dela partiu de um ato de ofício, ou seja, por iniciativa própria, da Mesa Diretora, presidida pelo deputado Agostinho Patrus (PV). Nos bastidores, deputados comentam que o governo nem sequer foi consultado sobre a criação do colegiado.
O líder da oposição, deputado André Quintão (PT), diz que os parlamentares do bloco dele devem propor discussões e se posicionar de forma contrária não apenas sobre as privatizações de Codemig, Copasa e Cemig, mas também sobre a estratégia do governo Zema de se desfazer dos ativos das estatais, como a venda da participação na empresa de energia Light e os planos para fazer o mesmo com a Taesa.
“O debate abrange tanto a privatização como a desestatização. A nossa linha é que principalmente em momento de pandemia não é hora de reduzir a participação do Estado em políticas públicas. A nossa ideia de participação em qualquer debate, comissão especial, tramitação de projeto, é defender a maior presença efetiva do Estado”, disse o parlamentar.
O deputado Guilherme da Cunha (Novo), aliado do governador e defensor das privatizações, vê a comissão como uma oportunidade para medir a posição dos colegas sobre o tema. Ele discorda da percepção de muitos observadores de que os deputados estaduais são majoritariamente contrários à venda das estatais.
"Acho errado dizer que a maioria da Assembleia é contrária ou tem resistência. A gente não sabe. A verdade é essa. Como o debate nunca se instalou na Assembleia, nunca foi um debate feito com o foco necessário que o tema exige, eu tenho a impressão que a gente não sabe se a maioria é a favor ou é contra. A gente tem esse desconhecimento sobre quais são os argumentos e a posição de cada deputado. E a comissão pode ajudar neste sentido”, diz.
Para deputado do Novo, é importante que a discussão trate não apenas do debate sobre a venda do patrimônio público, mas da importância de se atrair investimentos. “Mais especialmente para saneamento básico e energia, para que a gente tenha melhoria na qualidade de vida da população”, opina Guilherme da Cunha.
A Comissão Extraordinária de Privatizações será composta por cinco membros: três do bloco independente, um governista e um integrante da oposição. Os participantes ainda não foram definidos pelos líderes. A comissão terá duração de um ano, prorrogável por igual período, para apresentar um relatório com as conclusões sobre o tema.
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