Garis e motoristas que transportam lixo começaram à noite de terça-feira (30) uma paralisação integral dos serviços de limpeza na capital por período indeterminado para cobrar que a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) inclua a categoria no calendário de vacinação contra o coronavírus. A reivindicação de funcionários da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) começou à última terça-feira (23) quando servidores anunciaram uma primeira paralisação de 24 horas com o intuito de atrair a atenção do município para a urgência de incluir esses profissionais entre as prioridades no cronograma de imunização contra a Covid-19.

De acordo com o Sindeac, instituição sindical que representa os garis, cerca de 1.050 trabalhadores foram infectados pelo coronavírus – número representa cerca de 30% do total de funcionários lotados em BH. À noite de domingo (28), o Executivo municipal revelou que abriria um cadastro para vacinação de garis, fiscais e agentes das forças de segurança. Contudo, greve foi mantida, segundo argumentação do sindicato, por não haver datas concretas para a vacinação do setor em Belo Horizonte.

Não há informações, por enquanto, sobre como ocorrerá a coleta de lixo e a limpeza urbana na cidade enquanto for mantida a paralisação dos profissionais. De acordo com Paulo Roberto da Silva, presidente do Sindeac, a categoria irá se reunir nesta quarta-feira (31) com a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) e o Ministério Público do Trabalho (MPT) às 11h para dialogar sobre a reivindicação e a possibilidade de um meio-termo.

A informação mais recente indica que a escala mínima não será respeitada, como declarou à reportagem na noite de terça-feira, o presidente do Sindicato dos Motoristas Empregados em Empresas de Cargas, Logísticas em Transporte e Diferenciados de Belo Horizonte e região, Natanael Dias Moura.

“A prefeitura e as empresas têm nos escondido os dados reais de motoristas contaminados. Não estamos contra ninguém, somos apenas à favor da vida. São pais, trabalhadores e filhos que estão dando o sangue para manter o funcionamento da cidade. Estão pedindo escala mínima de 30%, mas estamos totalmente parados, porque nem 30% da categoria eles vacinam então? Todos são trabalhadores essenciais”, indagou.

A tônica da argumentação acrescenta-se às ponderações de Paulo Roberto Silva. O presidente do Sindeac garantiu que paralisação será mantida por tempo indeterminado e reforçou que a urgência da vacinação de garis e motoristas justifica-se pelo grau de exposição a que esses trabalhadores são submetidos.

“Decidimos por manter a greve por tempo indeterminado. A estimativa que temos é que 30% dos garis em BH pegaram Covid, temos em torno de 3.500 garis na capital. É um número muito alto, são profissionais que estão muito expostos, lidando com o lixo contaminado da população. Entendemos que somos um trabalho essencial e por isso precisamos ser vacinados. Se não formos prioridade, que nos liberem para também ficar em casa”, detalhou.

Procurada às 19h47, a PBH não se posicionou sobre a paralisação e igualmente não informou como será feita a coleta de lixo no período em que a greve perdurar. Às 20h50, a comunicação do município reforçou por meio de nota que está "preparando um cadastro para verificar a quantidade de garis que atua em Belo Horizonte" e revelou que o formulário será disponibilizado ao longo desta semana e "deverá ser entregue devidamente preenchido pela Superintendência de Limpeza Urbana (SLU)". Em relação à exigência das categorias sobre datas para a imunização, a Secretaria Municipal de Saúde disse que "a vacinação do público depende do envio de doses pelo Ministério da Saúde".