No Rio, quase 400 pacientes esperam por internação.
A luta para salvar a vida de um menino de oito anos. Diagnosticado com Covid, e sem atendimento especializado, ele tem agora 90% dos pulmões comprometidos. O garoto foi resgatado por bombeiros domingo (6) à noite, no noroeste do estado. Um helicóptero da Marinha já esperava para o transporte até um hospital, no Rio. Ele está agora numa UTI em estado grave.
São muitos os obstáculos de quem depende da rede pública de saúde para vencer a Covid-19. Dona Dilma, de 61 anos, é mãe de Walquíria Barbosa.
“A última imagem que eu tive da minha mãe foi no dia 30, ela falando: ‘Wal, pede para Deus me levar porque eu não aguento mais sofrer aqui, não aguento mais ficar nessa cadeira sentindo dor’”, conta Walquíria Barbosa, assistente de TI.
Sim, em uma cadeira. Dona Dilma está internada há 12 dias no Hospital Federal do Andaraí. Ela já está inconsciente, precisa de uma UTI, mas o hospital informou que não tem suporte para tratar a paciente.
Os profissionais de saúde têm feito o que podem, mas o que fazer quando vários hospitais têm leitos fechados e a procura não para de crescer? O que fazer quando faltam equipamentos e até materiais básicos para atendimento?
O pedido de socorro vem de funcionários do Ronaldo Gazzola, hospital municipal que é referência para Covid, no Rio: “Tem em média de 100 leitos que podem virar CTI no Rio de Janeiro. Nós estamos tendo que escolher qual paciente vai descer para o CTI. Temos que esperar um ir a óbito para o outro descer”.
O relato vem agora de um outro hospital municipal importante, o Salgado Filho: “Hoje nós estamos vivendo uma situação de escassez de material nas emergências. Nós não temos luvas de procedimento, nós não temos seringas de 20, seringas de 10, não temos álcool suficiente para os pacientes".
Nesta segunda, a cidade do Rio e os municípios da Baixada têm quase 400 pacientes à espera de um leito, comum e de UTI. O aumento, em duas semanas, foi de 200%.
“Não vai ter emergência que dê conta de tanto caso. Esse é o momento da gente rever os nosso conceitos, tentar ficar em casa, evitar essa confusão de aglomeração, de muita gente em praia, não dá”, alertou o médico André Casarsa Marques.
A Secretaria Municipal de Saúde afirmou que está preparando os leitos vazios do Hospital Ronaldo Gazolla.
A direção do Hospital Municipal Salgado Filho disse que as faltas de insumos são pontuais e há reposição.
O Ministério da Saúde afirmou que a dona Dilma vai ser transferida para o Hospital Ronaldo Gazolla.



