Aniversário de 101 anos de dona Miracy foi celebrado vendo uma partida do Cruzeiro | Foto: Reprodução / Arquivo pessoal
PUBLICADO EM 21/08/20 - 08H30
Cento e um anos não é um data qualquer. Nessa última quinta-feira, dia 20 de agosto, uma torcedora ilustre do Cruzeiro chegou à essa marca. A vó Miracy, torcedora conhecida por sua presença assídua nas partidas envolvendo o clube, no Mineirão. Pois bem, mesmo longe devido à pandemia, ela não perdeu velhos hábitos. Um ritual. O aniversário em tempos de distanciamento foi discreto, mas não poderia faltar aquilo que é uma de suas maiores paixões: o Cruzeiro.
A camisa celeste, os adereços do clube, o orgulho, uma saudade de aglomeração, não é mesmo, dona Miracy? "Muita mesmo, nem sei como medir", respondeu a vovó do Cruzeiro, que teve o contato com a reportagem intermediado pela nora Patrícia, cumprindo o isolamento social.
"Não estou recebendo nem os filhos, não estou saindo de casa nem para por o lixo", conta. Pois faz muito bem. Todos queremos que a senhora conitinue esbanjando longevidade.
Mas quando essa pandemia que mudou as nossas vidas cessar, a primeira coisa que está na lista de afazares de Miracy... Vocês podem imaginar. "Se tiver jogo do Cruzeiro eu vou. Senão espero", promete a ilustre torcedora celeste, nascida em Abre Campo, em 1919, e que se mudou posteriormente para Caratinga para anos depois, como inúmeras famílias ainda seguem fazendo, buscar a sorte na capital mineira.
E a paixão pelo Cruzeiro foi inevitável. Um clube que nasceu para dona Miracy e que daqui a poucos meses chegará, assim como ela, à marca centenária. Infelizmente, nesse dia 20 de agosto, o time celeste não deu à nossa personagem o presente esperado. Foi derrotado em casa para a Chapecoense por 1 a 0.
Todavia, tocedor que é torcedor de verdade sente o golpe, mas não perde a confiança jamais. "Eles (jogadores) estão no caminho certo. Não tem ninguém querendo ser o salvador da pátria. Que não inventem 'moda'. O treinador não é famoso, mas está indo bem. Estou gostando do presidente. Esse rebaixamento foi só um escorregãozinho", sorri Miracy.
Curiosamente, nesse dia 20 de agosto, um dos jogadores que Miracy sempre admirou no Cruzeiro fez sua retomada com as cores celestes. O volante Henrique. A velha máxima do futebol preconiza a sentença: 'sempre existe o próximo jogo'. E são nessas oportunidades de recomeço que o desenrolar no campo se assemelha à vida. A esperança de que tudo vai passar.
"Todo mundo tem que enfrentar (a pandemia), com a esperança de um dia acabar", ressalta a vó Miracy.
O que nunca vai passar nestes 101 anos de história, é o amor que a vovó nutre pelo Cruzeiro. Seja no campo ou em casa, nada poderá tirar de Miracy a paixão pelo azul celeste. Porque antes mesmo de a Raposa existir, dona Miracy cá estava e de uma coisa ela tem certa, ao lado do Cruzeiro, não importa a dívisão ou distanciamento social, ela sempre estará.