SITUAÇÃO NÚMERO 1 — Nunca em toda minha vida li a frase acima anunciada. Trabalhei na revisão de textos em um grande jornal de Minas Gerais em época de crise, embora não tão aguda quanto a atual, e posso afirmar que jamais apareceu diante de meus olhos a expressão “pedreiro se oferece”. Leio “babá se oferece”, “cuidador de idosos”, “coveiro”, “lavador de carros”, “ajudantes de serviços gerais”, “segurança”, “advogados”, “dentistas”, “jornalistas”, “telefonistas”, “atendente”. Mas nunca pedreiro e sequer ajudante de pedreiro, ou talvez pintor, carpinteiro, encarregado de obras.
SITUAÇÃO NÚMERO 2 — Há cerca de dois anos fiz uma reforma em minha casa. O trabalho de pedreiros, ajudantes, pintores, eletricistas e bombeiros durou cerca de sete meses. Foi uma dificuldade sem tamanho encontrar mão de obra para a empreitada. Corre daqui, pula dali, finalmente pude terminar a obra em correrias incríveis para não deixar atrasar mais que o previsto a melhoria realizada.
SITUAÇÃO NÚMERO 3 — Paralelamente ao que vivia na prática, lia nos jornais, revistas, internet e ouvia nas esquinas que a área de construção civil é um ramo que mais cresce a cada dia, mesmo com a movimentação às vésperas de eventos os mais variados. Por esses motivos, empregos nas cidades não faltam de forma alguma. “A maior parte das empresas está procurando por pedreiros e serventes. Há sempre dificuldades no mercado de trabalho para encontrar esses profissionais. O maior vilão de todos é a falta de mão de obra qualificada”, sempre afirmam especialistas. Até então.
SITUAÇÃO NÚMERO 4 — Tenho mantido contatos com um grande número de pessoas ultimamente, de todas as classes sociais. Esses contatos são feitos mais em palestras que tenho proferido por aí. Num encontro deparei-me com um rapaz que trabalhou na reforma de minha casa e deixou uma impressão de capacidade incrível de trabalho. Trata-se de um pedreiro para todas as fases da construção, de serviço grosseiro ou pesado a acabamento de alto nível. Mas sabem o que ele me disse, repetiu, falou de novo e me deixou o seu número de telefone para ver se posso ajudá-lo? “Estou parado faz quatro meses e saio à procura de trabalho todos os dias”.
SITUAÇÃO NÚMERO 5 — Não acredito muito em nomes e números da estatística. Informa a imprensa que o desemprego caiu não sei quantos percentuais em comparação com os anos anteriores. A informação não me comove. Mas o pedreiro me comoveu. A sua informação é mais precisa que as dos jornais da TV ou internet. “Aqui em Itabira não tem serviço para ninguém”, ouvi esta frase de outra pessoa. Por causa disso resolvi fazer um teste: escrever este texto e anunciar. E lá vai: “Pedreiro se oferece para serviços em obras civis do alicerce de uma construção ao mais fino acabamento, como assentamento pedras, tijolos, azulejos, granito, cerâmicas etc”. O meu contato é (031) 98605-8235; e-mail josesana@terra.com.br.
CONCLUSÃO: O Brasil vive a sua pior crise econômica de todos os tempos. O mais grave: sem saída por enquanto, porque também é assolado por uma crise política, moral, ética, policial, terrorista e de ameaças. Quando falta emprego para aquele que nunca ficou parado desde a Idade da Pedra, não há mais questionamento. O ser humano não para de construir, reconstruir, reformar, remendar, consertar, arrumar. Mas agora parou. A prova não é apenas o caso de um pedreiro. Esse representa todos os trabalhadores, por ser extremamente competente. Salvemos o Brasil!
