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Moradores de ocupação no Barreiro relatam baixa no abastecimento de água
29/04/2020

 

Na ocupação Liberdade, já chegou a faltar água por mais de um mês, segundo relatos

 
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André Santana questiona falta de água
Foto: Cristiane Mattos/O TEMPO

“Lave bem as mãos com água e sabão”. Essa frase já se tornou um dos lemas da pandemia do coronavírus, de tanto que é repetida. No entanto, por mais simples que possa parecer prevenir-se da Covid-19, essa atitude acabou sendo dificultada na ocupação Liberdade, próxima do bairro Bonsucesso, na região do Barreiro, em Belo Horizonte. Isso porque moradores têm relatado falta de água, problema que já chegou a se estender por semanas e até meses.

Desde o último fim de semana, com a manutenção na tubulação pela Copasa numa parte mais baixa, na rua da Paz, a água tem chegado à noite à ocupação. Isso tem ocorrido por volta das 22h, ainda com diferença no volume de água conforme a altura em que se localiza a casa. Uma mangueira que corta a rua Boa Esperança, principal, leva a água até a ocupação, e cada casa puxa o seu ramal para abastecimento próprio. Em muitas, o volume é baixo. Segundo relatos dos moradores, a Copasa chegou a informar que a tubulação de onde é bombeada a água que abastece a ocupação é velha.

“Nós temos o direito de ter água. Com essa situação da pandemia, temos que ter água em casa. E digo de água circulando, de encher, a gente usar e naturalmente encher de novo, sem ter que armazenar. Lá em casa, já comprei água várias vezes pra beber por medo de tomar água armazenada há 15, 20 dias. A gente guarda porque já ficou sem. Não queremos mangueira, como é hoje. Queremos registro”, comenta o técnico de telecomunicações André Santana, de 40 anos, morador da ocupação.

No local, além de compartilharem das mesmas reclamações, moradores também já dividiram uma torneira numa praça próxima da ocupação, o que foi uma saída para eles em muitos momentos. Como a vazão da água varia de acordo com a altura das residências, teve vez que uma mangueira que vai para a casa de Diogo Antunes, pedreiro de 29 anos, também foi uma alternativa para muitos. Isso porque chegava água a sua casa, mesmo em volume pequeno, localizada em um ponto um pouco mais baixo.

“Era uma saída pra muita gente”, lembra Antunes. “A gente trabalha durante o dia e, quando chega à noite, quer tomar um banho. Depois que mexeram na bomba (no fim de semana), deu uma melhorada, mas já faltou por semanas”, recorda.

“Vinha com balde e com o meu filho, mesmo no frio da madrugada. A gente ficava esperando a água subir pra cá”, recorda Santana, que ainda comentou que a água chegava fraquinha e por volta das duas da madrugada. O início de 2020 foi marcado por chuvas, mas é esperado um período mais seco por ora. Segundo os moradores, eles já foram orientados pela Copasa a armazenarem água pela possibilidade de falta. 

Várias foram as situações vividas para ter água em casa. O comum na ocupação é ter duas ou três caixas, com uma delas no chão para bombear água até a(s) de cima. Até domingo (26), quando uma manutenção garantiu o retorno de água à noite, tinha casa há cerca de 30 dias sem abastecimento nenhum, dependendo da altura em que está localizada. De acordo com os moradores, há cerca de 300 famílias na ocupação.

A reportagem já fez contato com a Copasa sobre as situações relatadas e caminhos a serem seguidos e aguarda retorno da companhia.

Preocupações em paralelo

Com a incerteza de quando terão água novamente, algumas famílias têm feito o armazenamento em caixas-d’água. Isso liga o alerta, porém, para o risco de dengue, zika e chikungunya, uma vez que água parada é um criadouro em potencial para o mosquito transmissor. Isso tem preocupado Vilázio Alves, pedreiro de 28 anos, que, além de ter a falta d’água como uma dor de cabeça, comenta a possibilidade dessas doenças pelo armazenamento de água. Ele mora com o filho e a esposa, grávida de oito meses.

“É muito preocupante. Minha esposa está grávida, indo pro nono mês. A zika é perigosa pra mãe e pro bebê. Já saí avisando as pessoas pra lavarem as caixas, pelo mosquito. Isso é muito perigoso. O coronavírus também, ainda mais porque a gente tem que chegar em casa e logo lavar as mãos, tomar banho. As roupas têm que ser lavadas sempre. Se lava durante o dia, gasta a água, e como fica pra tomar um banho à tarde? Água é um direit”, aponta Alves.

O último boletim da Secretaria de Estado de Saúde (SES), divulgado na segunda-feira (27), apontou 56.031 casos prováveis (suspeitos e confirmados) de dengue no Estado em 2020. Foram registrados cinco óbitos, nos municípios de Alfenas, Medina, Guaxupé, Itinga e Carneirinho. Outras 26 mortes estão em investigação.

Além de dengue, o Aedes aegypti transmite zika e chikungunya. No caso da zika, o boletim informou que foram identificados 317 casos prováveis em Minas Gerais no ano de 2020, sendo 34 em gestantes. Já a febre chikungunya tem 944 casos prováveis no ano, com um óbito em investigação.

Na ocupação, a mangueira que chega com água percorre a rua Boa Esperança, nome que curiosamente dá alento para quem luta por um direito básico.

 


 

 

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