O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, afirmou nesta terça-feira (14) que julga que o presidente Jair Bolsonaro não deve trocar o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. A declaração foi feita em conversa pela internet com jornalistas do "Estado de S. Paulo", na qual ele também rejeitou o uso do dinheiro do Fundo Eleitoral e do Fundo Partidário no combate ao coronavírus e minimizou as manifestações favoráveis ao fim do isolamento no país.
"O que ocorre é que isso (a decisão sobre o futuro de Mandetta) é uma decisão pessoal do presidente da República. Os ministros são escolhidos por ele e permanecem até o momento em que perdem a confiança do presidente. Mas acho que exite no presente momento muita especulação, muito ti-ti-ti. (...) Julgo que o presidente nao deve trocar o ministro nesse momento. Não seria favorável", resumiu Mourão.
"Diante do trabalho que vem sendo feito (pelo ministro), julgo que cabe muito mais a uma conversa, chamar ele (e dizer): 'Vamos acertar aqui a passada, você tem a sua opinião, e eu tenho a minha..."
Apesar disso, Mourão afirmou que Mandetta "cruzou a linha da bola", fazendo uma referência a uma falta grave no polo, passível de levar um cartão de advertência.
Na entrevista, Mourão disse que o uso do Fundo Eleitoral e do Fundo Partidário no combate ao coronavírus não vai resolver o problema. "Não digo que é uma gota, mas é meia xícara, vamos dizer assim", comparou.
"A eleição tem que correr esse ano. Tem que andar", realçou ao dizer que os recursos do Fundo Partidário e do Fundo Eleitoral devem ser aplicados na função a que se destinam.
Mourão disse que acha que é melhor que os partidos, por conta própria, façam ações de doações dos recursos, o que hoje é proibido.
O vice-presidente também avaliou que as manifestações contra o fim do isolamento no país, incentivadas pelo presidente, são "pouco expressivas no conjunto da nação". E que quem protesta hoje na rua é a "turma do isolamento zona sul", que recebe comida por delivery, continua com renda e está incomodada por "estar com sua vida compactada". "Não vimos a favela descer em peso para protestar que eles estão presos lá", disse, afirmando que isso seria muito mais preocupante.
O vice-presidente ainda ironizou as críticas feitas pela ala ideológica comandada por Olavo de Carvalho e as fake news que inundam a internet. Mourão disse que é atacado com frequência e que precisa aprender a lidar com isso.
"Eu particularmente não dou bola. Se perguntar quantas pessoas me xingaram, me atacaram, me chamaram de comunista... Inclusive, quando me chamam de comunista, eu digo: 'Particularmente eu admiro mais os trotskistas'", ironizou, em referência à doutrina marxista de Leon Trótski, vertente socialista que se opõe ao stalinismo.