A comunidade de Córrego do Meio voltou a se manifestar na tarde desta terça-feira, 14 de fevereiro, contra a construção do Centro de Reintegração Social (CRS) da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac) naquela região. A líder comunitária Águida Aparecida Martins usou a tribuna da Câmara de Vereadores e chegou até a chorar ao falar de sua sensação de insegurança, mas deixou a Casa com um discurso duro e direto do presidente do Legislativo, Neidson Freitas (PP). O progressista foi taxativo ao dizer que não adianta mais manifestações contra a Apac, porque é algo irreversível.
Moradores da região do Córrego do Meio levaram para a Câmara faixas e cartazes contra a Apac. Na tribuna, Águida Martins repetiu o que já havia dito à imprensa momentos antes (clique e leia). Falou de fugas recentes em associações desse tipo em Minas Gerais, das más condições da comunidade e de como isso pode ser um complicador em caso de problemas na Apac. Também citou que os vizinhos não foram ouvidos e reclamou de processos por causa de protestos passados (clique aqui e leia mais).
Neidson Freitas ouviu todo discurso da líder comunitária e depois deu resposta firme. O presidente da Câmara afirmou que a situação da Apac é uma “questão intempestiva”, que não cabe mais discussão. “Gostaria muito de poder ajudar, mas isso não é possível. É algo jpa definido”, exclamou o progressista, que continuou: “Qualquer vereador que se comprometer em mudar essa realidade estará sendo inconsequente”.
Na opinião do presidente, houve um “jogo de empurra” nos últimos anos que iludiu a população da região do Córrego do Meio. “Faltou posicionamento político. A minha decisão neste momento foi me posicionar com o que é devido, com a verdade. Não há nenhuma ação política a ser desenvolvida pelo poder Legislativo, ou por algum vereador individualmente, que possa mudar o andamento da construção da Apac”, disse Neidson, em entrevista à imprensa.

Águida Martins chora na tribuna da Câmara Foto: Rodrigo Andrade/DeFato
Ex-presidente
Presidente da Câmara de Itabira em três dos últimos quatro anos, o vereador Rodrigo Diguerê (PV) respondeu ao comentário de Neidson de que faltou posicionamento político na gestão passada. O pevista negou que tenha havido jogo de empurra e que ele e seus antigos colegas se movimentaram dentro do que era possível para atender a comunidade de Córrego do Meio.
“Concordo com a postura do senhor, que mostra um posicionamento firme e verdadeiro. Mas os tempos são outros. Hoje, não há nada a ser feito, mas lá traz havia. Nós tentamos uma negociação política, procuramos outros terrenos, mas tivemos grande resistência por parte do Judiciário e do Ministério Público”, argumentou Diguerê.
Após a fala do ex-presidente, Neidson Freitas pediu desculpas por alguma ofensa aos vereadores da última gestão e reafirmou que seu posicionamento se dá pela situação atual.

Ex-presidente Rodrigo Diguerê defendeu vereadores da legislatura passada Foto: Rodrigo Andrade/DeFato
Apoio ao método
Neidson Freitas demonstrou apoio ao método Apac e criticou a postura da líder comunitária na tribuna da Câmara. Para o presidente, os contrários à associação usam “sensacionalismo para mobilizar a comunidade itabirana inteira contra um projeto que ainda nem surgiu”. “A Apac já é uma realidade e acho que a gente tem que caminhar para que possamos dar uma condição de ela funcionar de maneira adequada e ter envolvimento com a comunidade. A gente tem que acreditar que é possível”, defendeu o presidente.
O progressista, ao lado do vice-presidente André Viana (PTN), defendeu que a presença da Apac não inviabiliza a implantação do Parque Científico Tecnológico, que é outro argumento dos contrários à associação. Nesse sentido, o vereador Solimar Silva (SDD) rebateu e afirmou que há estudos que comprovam que um projeto anula o outro