PUBLICADO EM 28/01/20 - 06H00
Ana Elizabeth Diniz
Especial para O TEMPO
O local tem decoração colorida, alegre, muitas curvas, intervenções artísticas, bistrô vegano, drinques exóticos, espaço para crianças e muita descontração.
Na pista, as pessoas (inclusive crianças e idosos) dançam livremente, com os corpos soltos, leves, aproveitando a seleção musical de sons ancestrais remixados. Está faltando o que nessa balada? Álcool, drogas? Nada. A proposta da Eywa - Associação de Proteção Socioambiental é a balada consciente, a cultura de paz, a valorização dos povos indígenas e as artes.
O idealizador do espaço, que, no próximo dia 2, comemora um ano em São Paulo, é Diogo Di Napoli, ex-usuário de drogas e álcool e que deixou tudo isso para trás quando começou a fazer trilhas pelas matas e a praticar esportes.
“Sou vegano, não fumo nem bebo, mas, quando vinha a vontade de ir a alguma festa, eu me sentia incomodado com o cheiro do ambiente, com as pessoas alcoolizadas e com as frequências das músicas”, relembra Di Napoli.
Em vez de se lamuriar, Di Napoli resolveu inovar e criou um espaço em que a ideia é que as pessoas se divirtam de forma saudável e leve. Assim é a spirit dancing. “Pensei em fazer uma festa diferenciada, mas não sabia que elas já estavam acontecendo mundo afora. A ideia é desassociar o uso do álcool da celebração. Comemorar pode vir de comer e orar, e não de se empanturrar e se embriagar. Aqui as pessoas vêm para dançar, comer bem, fazer e encontrar amigos. É um espaço seguro”, comenta.
É assim que se sente Walter Steiner, que trabalha com saúde integral e é personal trainer. “Conheci o espaço Eywa e me identifiquei plenamente. Lá é a sede de uma ONG cujo objetivo é propiciar às pessoas uma vida com mais conhecimento em saúde, cultura, espiritualidade e alegria. A ideia é uma vida mais bem-vivida. O espaço é cativante, e as pessoas se sentem muito bem. Sou fã desse projeto”, diz.
A mulher de Di Napoli, Giorgia Piotti, faz o trabalho de pesquisa e seleção de músicas ancestrais, com flautas, tambores e violões, remixadas numa batida dançante.
“Nossa proposta musical é propiciar a conexão interna com a ancestralidade, e, por isso, as músicas têm uma batida dançante, criando uma egrégora, uma energia contagiante, mas que dá a possibilidade de sentir seu coração e seu corpo sem aquele ambiente de pegação (nada contra). Colocamos fogo na galera. Em algumas festas, convidamos DJs para tocar nossa playlist”, conta Di Napoli.
A proposta é uma forma de ativismo. “A casa faz a curadoria das bebidas e dos alimentos. O bar vende bebidas que fazem bem à saúde, e não o contrário. São kombuchas, sucos com raízes, gengibre e cacau cerimonial, que abre o coração. As pessoas estão ingerindo plantas, energia e vitaminas”, conta.
“Os alimentos são veganos. Acredito que o maior problema ambiental decorre do consumo inconsciente de produtos e serviços de empresas irresponsáveis, que danificam o meio ambiente e a saúde das pessoas visando apenas ao lucro,” ressalta o empresário.
AGENDA: No próximo dia 2, das 15h às 22h, acontece a festa de comemoração de um ano do espaço Eywa e a quinta edição da “spirit dancing”, a balada consciente. Rua Scipião, 332, Vila Romana, São Paulo. Informações: (11) 99313-4650.
Proposta vai além das festas ao promover várias conexões
Foi exatamente essa vibe limpa e leve, com senhoras como a avó do Diogo Di Napoli, de 85 anos, se esbaldando na pista, que atraiu Roberta Franco, 41.
“Trabalho com alguns projetos que unem ioga e música e conheci o espaço Eywa em um momento muito importante, em que eu buscava um espaço para fazer minhas vivências, e fui parar em uma festa linda, a spirit dancing. Senti uma conexão incrível”, revela Roberta.
A partir daí, as portas se abriram para acolher seu trabalho. “Passei a cocriar com o pessoal da casa algumas vivências muito lindas e participei de outras festas. Acompanhei o crescimento do espaço ao longo de todo o ano passado. O ano de 2020, será de canais muito abertos para realizarmos novas vivências e reuniões encantadas naquele espaço sagrado e de muita luz. Eu amo o Eywa”, diz Roberta. (AED)
Consumo consciente é estimulado
Tanto o espaço quanto a balada espiritual prezam pelo consumo consciente, que não impacta o meio ambiente nem a saúde das pessoas. “Fazemos festa para 250 pessoas, e, depois, a gente nem precisa lavar o salão. As pessoas ficam descalças, e, após a balada, tudo está limpo, até mesmo os banheiros. Com menos bebida, elas fazem menos xixi, usam menos a descarga”, conta Diogo Di Napoli.
A cantora Isabella Trindade, 37, trabalha com autoconhecimento e espiritualidade, e sua música visa a elevação vibracional. “Conheci o espaço há quase um ano, e, no fim do ano passado, realizei meu primeiro show autoral lá. É um lugar de acolhimento, que preza pela pluralidade e, ao mesmo tempo, pela união, pois dá espaço para diversos tipos de manifestações culturais e musicais”, diz.
Ela conta que se sentiu muito acolhida desde a primeira vez na casa. “Quando nos unimos, somos mais fortes e podemos materializar os sonhos individuais e coletivos. É um lugar em que as pessoas enriquecem as outras”, diz Isabella. (AED)
Eywa
Programação. Envolve permacultura, ecoempreendedorismo, consumo consciente, economia solidária, saúde e bem-estar, intercâmbio cultural, racial e socioeconômico.