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Em dez anos, indústria ficou um quinto menor no Brasil
“Tributação é alta, mão de obra é cara e produtividade está estagnada”, diz confederação 20/05/2019

 

Uberaba Petrobras
Após receber R$ 700 milhões em investimentos, planta de fertilizantes que a Petrobras começou a construir em Uberaba parou
Foto: Prefeitura de Uberaba/divulgação

Em dez anos, a indústria brasileira encolheu 20,8%, segundo pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Em 2006, a cada R$ 100 gerados no Brasil, R$ 27,30 vinham do setor industrial. Em 2016, essa participação caiu para R$ 21,60. Para o gerente executivo de política econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, o processo da desindustrialização é natural, mas aconteceu mais rápido no Brasil. “O caminho para melhorar a participação da indústria é reverter as desvantagens competitivas que elevam o custo Brasil”, destaca.

Segundo o economista, o alto custo de produção desestimula a indústria. “A tributação é alta, a mão de obra é cara, e a produtividade está estagnada, pois não evoluiu de forma tão positiva como em outros países. Com a recessão, estamos vendendo menos no mercado interno e, como os produtos são mais baratos no exterior, temos comprado mais dos estrangeiros, pois eles chegam aqui mais baratos”, avalia Castelo Branco.

A saída, segundo o economista, é avançar na agenda da competitividade e da eficiência. Entretanto, nesse caminho aparece outro desafio. “A recessão tem um lado perverso. Se as empresas vendem menos, sobram menos recursos para investir em melhoria da qualidade e, com isso, elas perdem mercado tanto aqui no Brasil como em outros países”, lamenta.

Origem. Na avaliação de Castelo Branco, a perda da participação da indústria faz parte do processo de desenvolvimento econômico. “Quando a renda aumenta, as pessoas não vão almoçar três vezes só por isso. Também não vão comprar três geladeiras. Já o setor de serviços sente com maior intensidade, pois as pessoas passam a consumir mais entretenimento, viajam mais, gastam mais com saúde e educação. Isso faz crescer a participação do setor terciário”, diz.

Otimismo. O presidente da CNI, Paulo Afonso Ferreira, avalia que 70% das propostas da indústria para os cem primeiros dias de governo estão em evolução positiva.

Burocracia trava emprego e crescimento

Um levantamento da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) revela que o Estado tem um potencial de investimento de R$ 44 bilhões que está travado pela burocracia. A soma inclui 28 projetos de infraestrutura, habitação, saneamento, energia e saúde que, se saíssem do papel, gerariam 227 mil empregos até 2025. Na avaliação do economista Sérgio Luís Guerra Xavier, da Fiemg, destravar a burocracia é o principal caminho. “Questões trabalhistas e tributárias ocupam muito tempo dos empresários e são um grande desestímulo”, afirma Xavier.

Ele, que também é professor de economia do Ibmec, destaca que, além de reduzir a carga tributária, é preciso diminuir a quantidade de normas, pois o excesso compromete a competitividade industrial. “Os governos estadual e federal montaram forças-tarefa nesse sentido, e estamos otimistas”, diz.

Minientrevista

Thiago Toscano
Diretor-presidente do Indi
Agência de Promoção de Investimento e Comércio Exterior de Minas Gerais


Quais são as origens da desindustrialização?

O Brasil começou a crescer bastante a partir de 2000. Tanto que não havia produtos suficientes para atender a demanda interna. O câmbio estava baixo. Aumentava a importação de componentes estrangeiros nos produtos produzidos no Brasil, o que encarece o custo. De 2003 para 2013, essa fatia dos componentes importados saltou de 14% para 27%. Ao mesmo tempo em que estava mais fácil trazer produtos de fora, os feitos aqui dentro estavam mais caros. Isso tudo desestimula a industrialização.

O que é preciso fazer para consolidar a participação da indústria no PIB?

Tem que fazer a economia crescer. Quando eu digo isso, não falo em pegar a produção de minério e fazer mais minério. Ou pegar a produção de café e produzir mais café. Temos que agregar valor ao nosso produto.

O Indi é uma agência de promoção de investimento e comércio exterior de Minas Gerais. O que tem sido feito para atrair novas indústrias?

Faz parte do nosso planejamento estratégico atrair indústrias que complementem a cadeia produtiva. Um exemplo é a produção de cápsulas de café. Em 2017, o Indi articulou a vinda de uma fábrica de batatas congeladas para o Triângulo Mineiro que gerou 380 empregos. O ponto é pegar as potencialidades das regiões e atuar de maneira setorizada. Para o Norte de Minas, por exemplo, estamos em contato com várias empresas voltadas para geração de energia solar.

 


 

 

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