O prefeito de Coronel Fabriciano, no Vale do Aço, Marcos Vinícius Bizarro (PSDB), fez uma transmissão ao vivo no Facebook na última segunda-feira, para criticar opositores e a atuação do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) no município. No vídeo, o chefe do Executivo municipal explica que naquele dia recebeu 18 pedidos de informações do promotor de Justiça da comarca. Grande parte dos pedidos estava ligada à falta de fornecimento de medicamentos e outros produtos, como, por exemplo, fraldas para as pessoas que não tinham condições de pagar.

“Tem um monte de gente coitadinho. Mas imagina se para cada bebê em Coronel Fabriciano o município tiver que dar as fraldas descartáveis? Não tem dinheiro suficiente no sistema público para bancar isso. O prefeito não tem que ajudar um e prejudicar 30. Aqui tem que ter condição de igualdade”, diz Bizarro no vídeo. Em outro trecho ele ressalta que, em dois anos de mandato, já acumula oito processos oriundos de denúncias acatadas pelo MPMG e que os pedidos de explicações chegam aos montes diariamente. “E quando você responde para o promotor, ele ainda se coloca no direito de dizer que não respondeu a contento”, disparou o prefeito. 

As declarações do chefe do Executivo chegam a ficar mais duras no decorrer da transmissão quando ele começa a colocar em xeque a atuação do órgão. “Por que o Ministério Público não tem a mesma agilidade para agir contra o Estado igual ele age com o prefeito? É muito mais fácil chegar aqui no prefeito e executá-lo. Por que o Ministério Público não faz isso com o Estado? Quem é que paga a conta do Ministério Público? É o governador. E se o promotor começar a acionar o Estado, o governador manda ele para Pedra Azul”, disse Bizarro, sugerindo uma suposta retaliação aos promotores que entram com ações contra o Estado.

Em consulta ao site do MPMG, o Aparte verificou que dois procedimentos investigatórios contra o prefeito ainda estão abertos. O primeiro foi instaurado em maio de 2017, após uma denúncia ter sido feita da Ouvidoria do MPMG. No processo, o órgão investiga uma possível doação de pessoa jurídica para a campanha eleitoral de 2016.

Já o segundo procedimento investigatório, instaurado pela Promotoria em março do ano passado, pretende apurar se o chefe do Executivo de Coronel Fabriciano participou de evento político-eleitoral em Belo Horizonte durante o horário de expediente e com recebimento de diárias. “Eu estive em Belo Horizonte para resolver o problemas dos bombeiros, na troca aqui do comando que vai pro DEER. À noite tinha uma palestra do então prefeito de São Paulo, João Doria, com várias lideranças empresariais do Estado de Minas. Onde tem empresário eu tenho que estar junto pra ver se capta alguma coisa para a nossa prefeitura. E o promotor quer que eu devolva as diárias pra resolver a questão dos bombeiros”, afirmou.

Em nota, a assessoria do MPMG informou que não iria comentar as declarações do prefeito.