Os principais beneficiados com a retirada da candidatura do ex-prefeito de Belo Horizonte Marcio Lacerda (PSB) da disputa pelo governo de Minas Gerais são os candidatos do PT e do PSDB. A chapa do governador Fernando Pimentel (PT) ganha musculatura com um partido de peso como PSB o apoiando formalmente. Do lado tucano, o senador Antonio Anastasia (PSDB), líder nas pesquisas, aumenta sua chance de vencer o pleito já no primeiro turno.
A articulação para retirada de Lacerda teria sido feita por Pimentel e pelo ex-presidente Lula. Nos bastidores, é dito que Lula vê como prioritária a reeleição de Pimentel em Minas, para que o partido vença também as eleições nacionais.
Até mesmo tucanos teriam tentado ajudar a viabilizar esse acordo entre o PT e o PSB nacional. Porém, o deputado federal Marcus Pestana (PSDB) nega veemente essa possibilidade. “Isso é uma tese conspirativa demais, e nós não teríamos como influenciar. Como vamos orquestrar um acordo entre o PSB e o PT, uma intervenção que não contempla a expectativa da sociedade de renovação dos atos políticos?”, questionou.
Os tucanos também estariam assediando o pré-candidato do DEM, o deputado federal Rodrigo Pacheco, para retirá-lo da disputa. O parlamentar já teria comunicado à direção do DEM nacional que ele iria disputar o Senado em uma composição com Anastasia.
Porém, a postura de Pacheco é de quem quer ocupar o posto de terceira via deixado por Lacerda. Ele negociava um acordo com o socialista, mas, com esse novo cenário, deve insistir em manter o seu nome na disputa ao Palácio da Liberdade. “Eu e o Marcio conversamos sobre a perspectiva de uma composição, havia sim essa conversa”, disse o parlamentar. Apesar disso, ele reafirmou que nunca retirou sua candidatura ao governo e lamentou a situação do PSB.
“Eu não quero comentar sobre as circunstâncias de outras candidaturas. A minha continua mantida e vamos disputar o governo do Estado. Sempre consideramos que a nossa candidatura representa a terceira via. Lamento o que aconteceu com o Lacerda, que foi vítima de uma conspiração nacional que sufocou uma candidatura legítima”, concluiu.
Pacheco pode inclusive voltar a negociar com o MDB. O partido estava próximo de fechar um acordo com Lacerda e agora está “órfão”. O presidente do MDB, deputado federal Saraiva Felipe, havia se reunido nesta quarta-feira (1) com Lacerda e demonstra cautela com a situação. “Há um vídeo da Marília Arraes em que ela diz que não vai retirar a candidatura. Amanhã (quinta-feira) tem convenção nacional do partido, e ainda vamos ver como essa situação vai se consolidar. Só depois nós vamos nos posicionar sobre isso”, afirmou.
Partido Novo
Negociata. Pré-candidato do partido Novo, Romeu Zema criticou as articulações que tiraram Lacerda da disputa. “Isso comprova mais uma vez que os partidos são balcões de negócio”, disse.