Operações continuam ininterruptamente desde o dia 25 de janeiro, quando a barragem rompeu e devastou a região do Córrego do Feijão | Foto: Alex de Jesus/ O Tempo
PUBLICADO EM 04/07/19 - 08H52
Laura Maria
O corpo de uma pessoa, vítima da tragédia da Vale, foi encontrado praticamente intacto e com um documento de identidade em um dos bolsos, em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte. Trata-se de um homem que foi achado na noite de quarta-feira (3), na área do Remanso 1, de acordo com informações do Corpo de Bombeiros divulgadas na manhã desta quinta (4).
Segundo a corporação, a documentação encontrada com a vítima confere com um dos nomes da lista das pessoas ainda não encontradas. A vítima foi encaminhada para o IML de Belo Horizonte, onde a Polícia Civil fará a identificação, ainda na noite de terça. Esse procedimento consiste na confirmação se a identidade encontrada com a vítima pertence realmente a ela.
A vítima foi encontrada cinco meses após a tragédia em Brumadinho. O último boletim quanto ao número de desaparecidos e de óbitos confirmados foi publicado pela Defesa Civil de Minas Gerais ainda em 5 de junho, às 15h30. De lá para cá, nada havia mudado e, com isso, 24 pessoas permaneciam desaparecidas sob o mar de lama.
Diante da vítima encontrada nesta semana, o número de desaparecidos cai para 23 e o de óbitos confirmados sobe para 247. Outras 395 pessoas foram localizadas. Mesmo 160 dias após o rompimento da barragem do Córrego do Feijão, os bombeiros continuam ininterruptamente os trabalhos nas regiões destruídas pela onda de rejeitos.
Outro caso
Esta não é a primeira vez que um corpo praticamente é encontrado muito tempo depois após a tragédia. No domingo de Páscoa, comemorado em 21 de abril, uma vítima foi achada em meio a lama nas mesmas condições.
Conservação
O que pode ter permitido que o corpos sejam encontrados praticamente intacto é o efeito do solo. “O corpo provavelmente sofreu um processo transformativo chamado ‘saponificação’. Acontece em solos úmidos e argilosos. É como se o corpo virasse um sabão. Fica conservado dentro do próprio solo”, explica Ivan Dieb Miziara, presidente da Associação Brasileira de Medicina Legal e Perícias Médicas (ABMLPM) e professor de medicina legal da Universidade de São Paulo (USP).