O risco real de rompimento da barragem Sul Superior da mina de Gongo Soco, em Barão de Cocais, na região Central de Minas, levou as autoridades locais a soarem as sirenes de alerta às 21h30 dessa sexta-feira (22).
Devido à situação de colapso, a estrutura passou do nível 2 para o nível 3, o mais elevado, e alguns moradores da zona rural já foram retirados de suas casas.
De acordo com o tenente-coronel Flávio Godinho, porta-voz da Defesa Civil de Minas Gerais, a situação é preocupante. “O risco de rompimento é real. Ela pode se romper a qualquer momento, agora ou amanhã, ou nem se romper”, afirmou, durante entrevista coletiva.
“Não houve o rompimento, mas podemos dizer que há o risco iminente, o risco de rompimento é real”, afirmou.
Veja a entrevista na íntegra
A decisão de aumentar o nível de risco da estrutura foi tomada após a Vale, responsável pela barragem, apresentar durante reunião com representantes de Defesa Civil de Minas Gerais, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Ministério Público de Minas Gerais, Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) e Agência Nacional de Mineração (ANM), laudos de uma empresa de consultoria que apontaram maior risco de colapso da estrutura. A empresa adotou critérios mais conservadores para avaliar os riscos, segundo Godinho.
Um fiscal da ANM confirmou a informação na noite dessa sexta ao portal O TEMPO. “Eles chegaram à conclusão de que o fator de segurança está muito baixo e que, se tiver qualquer gatilho, a estrutura pode cair. Isso não significa que vai ter o rompimento, mas a empresa e todos os órgãos estão muito receosos”, afirmou a fonte.
Desde 8 de fevereiro, cerca de 480 moradores da zona de autossalvamento, mais próximo da barragem Sul Superior, foram retirados às pressas de casa durante a madrugada. Godinho explicou que, devido ao risco de nova tragédia, agora, foi feito um alerta a moradores de aproximadamente 3.000 residências, que ficam na zona secundária, onde a lama chegaria em no máximo 1 hora e 12 minutos, em caso de rompimento.
Para auxiliar esses moradores, sete viaturas do Batalhão de Choque da Polícia Militar foram deslocadas ainda ontem para fazer uma vigília na região. “Se a barragem se romper, temos condições de retirar todas as pessoas antes de a lama chegar”, afirmou Godinho.
De acordo com ele, hoje e amanhã todos os moradores que estão na zona secundária passarão por treinamentos para saber o que fazer caso ocorra o rompimento. “Pessoas serão treinadas e orientadas para caso aconteça algum rompimento. Elas devem saber para onde se deslocar e quais pontos de encontro seguros”, explicou.
A Vale informou em nota que está adotando medidas preventivas para garantir segurança da barragem. (Com Tatiana Lagôa)