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Deportados pelos EUA chegam a BH: 'falavam que iam tirar os meninos da gente'
Oitenta brasileiros desembarcaram em Confins na noite dessa sexta-feira (14); eles relatam maus-tratos, desespero e humilhações durante a es 15/02/2020

 

Brasileiros Deportados Confins
Breno Silva Coelho era um dos brasileiros deportados. Ele contou sobre as humilhações sofridas nos Estados Unidos
Foto: Bruno Menezes/Webrepórter

Oitenta brasileiros deportados dos Estados Unidos desembarcaram por volta das 22h30 dessa sexta-feira (14) em um voo fretado pelo governo norte-americano no Aeroporto Internacional de Confins, na região Metropolitana de Belo Horizonte. De acordo com a BH Airport, administradora do aeroporto, 40 deles eram crianças. 

Dentre os relatos dos que tentaram entrar ilegalmente no país em busca de um sonho, era consenso o fato de que haviam passado momentos de desespero e humilhação antes de voltarem para o Brasil. 

 
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Breno Silva Coelho, que está desempregado, foi para os Estados Unidos com a filha de apenas cinco anos. Ele conta que passou por uma tratamento que considera desumano.  “A sala muito gelada. Levam a gente pra sala e faz a gente esperar muito tempo. Me senti muito humilhado, demais. Principalmente por causa das crianças”, diz. 

Esse é o quarto voo a desembarcar em Belo Horizonte com brasileiros deportados desde outubro do ano passado. As deportações fazem parte de uma política mais dura do governo norte-americano de combate a imigrantes ilegais no país. 

O eletricista Francisco Garcia, que é de Governador Valadares, tentou atravessar a divisa do México com os Estados Unidos com o filho de 16 anos. Ele conta que chegou a dar a caminhonete que tinha para um “coyote” e esperava ficar de três a quatro anos no país. “Na hora que a gente chegou lá foi como se a gente tivesse caído na boca do lobo. O povo (polícia) já veio empurrando, maltratando. Vou falar para todos os meus amigos: não vão para lá, porque aquele povo não gosta de brasileiro”, alerta.

A cuidadora de idosos, Alexandra Alves, diz ter vivido momentos difíceis com o marido e os dois filhos, um de 14 e outro de 11 anos. Segundo ela, além da sala com ar-condicionado com temperatura baixas, a comida era escassa e ninguém podia reclamar. “Todo o tempo eles ficavam falando que iam tirar os meninos da gente, se a gente nao obedecesse. Lá eles separam os homens de um lado e as esposas ficam de outro. Quando um faz alguma coisa a gente vai pra uma cela que é muito gelada e a gente dorme com aqueles alumínios no chão e deita. Se reclamarmos eles aumentam o ar-condicionado e deixam mais gelado”, conta. 

Esperança

Minutos antes do desembarque dos passageiros, a empresária Andréa Alves, 49, esperava ansiosa no saguão do aeroporto alguma notícia da irmã, do cunhado e dos sobrinhos. Sem qualquer notícia deles, ela se dirigiu ao aeroporto na expectativa de que eles estivessem no vôo. Ao ter a confirmação de que realmente estavam, veio o alívio. “Graças a Deus, estou muito aliviada. Eles estão todos magrinhos. Foram muito humilhados, muito maltratados, então assim, só tenho a agradecer a Deus”, conta.

A professora Fabrícia Alves, 42, não teve a mesma sorte. Ela foi ao aeroporto para tentar receber noticias de um sobrinho, que não estava no voo. “É triste a situação deles lá. Ver as pessoas chegando aqui só com a roupa do corpo. Semana que vem eu volto aqui, se Deus quiser, para buscar eles”, diz. 

Lanche especial

A BH Airport informou que devido ao grande número de crianças no voo, foi preparado um lanche especial na saída do desembarque. No cardápio, os deportados puderam degustar pão de queijo, bolo de cenoura, salgadinhos e ainda um café mineiro.

 


 

 

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