Ele parecia estar, se não erradicado, bem controlado. Mas com a ameaça do sarampo no Estado, postos de saúde da capital mineira amanheceram lotados. O tempo de espera em alguns passava de uma hora. As longas filas têm um motivo: a partir desta quinta-feira (22), crianças entre 6 e 11 meses  deverão ser vacinadas contra a doença em todo o país. Até então, a proteção era disponibilizada somente para crianças a partir dos 12 meses.

Em Belo Horizonte, a prefeitura ampliou a vacinação contra a virose para atender uma recomendação do Ministério da Saúde. Altamente contagiosa e capaz de matar, a enfermidade já foi diagnosticada em quatro pacientes no Estado, sendo dois em BH. Atualmente, 21 casos estão em investigação na capital. 

Com o filho de 11 meses, o músico Rodrigo Borges, 44, saiu cedo de casa. A correria foi tanta que Borges esqueceu o próprio cartão de vacina. “Estou esperando tem 1h30. As pessoas vieram em massa nesse primeiro em dia. Mas a melhor vacina é a informação. A vacina é uma aliada, é fundamental para os nossos filhos. Queria ver se precisava vacinar, mas esqueci. Vou voltar depois”, contou, enquanto aguardava no Centro de Saúde Santa Rita de Cássia, no bairro São Pedro, na região Centro-Sul da capital. 

O casal Juliana Matosinhos, 39, e Bruno Borges, 40, foi com os dois filhos pequenos. A espera também passou de uma hora no centro de saúde. “Viemos vacinar a nossa pequena de 7 meses e outro de dois anos já tinha tomado antes. Mas aproveitamos para nós vacinar também. Trabalhamos com o público e é importante a proteção para todo mundo. Só vou chegar atrasada com a demora”, disse  a bancária. 

Cobertura. Em Belo Horizonte, a cobertura vacinal das crianças de um ano é de 84%. A taxa de cobertura entre os pequenos de um a quatro anos é de 92%. A expectativa da Secretaria Municipal de Saúde é que a cobertura chegue a 95%. 

Segundo a diretora de Promoção à Saúde e Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde de BH (SMSA), Lucia Paixão, é importante que os pais não atrasem a data de vacinação. “Crianças menores de um ano não recebia antes a vacina, porque vivíamos em uma situação de controle, mas nesse momento temos uma situação de risco em variados Estados. Percebemos também que os pais atrasam o tempo de uma dose para outra. É uma população mais frágil, que tem chances de complicações da doença e que pode ter uma evolução fatal”, explica. 

De acordo com a diretora, além da aplicação extra, outras ações estão sendo realizadas para subir o índice de cobertura vacinal entre jovens e adultos. “A cobertura entre os jovens e até adultos de 29 anos é mais complicada. Em outubro terá uma campanha específica, mas as pessoas não precisam esperar até lá. Quanto antes se vacinar melhor. Campanhas em escolas e em universidades públicas e privadas já estão em andamento”.

Entenda
De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES), a "dose zero" não substitui as vacinas demais previstas no Calendário Nacional de Vacinação. Ou seja, além da dose que será aplicada a partir desta quinta-feira (22), os pais e responsáveis devem levar os filhos para tomar a vacina tríplice viral (D1) aos 12 meses de idade (1ª dose); e aos 15 meses (2ªdose), para tomar a vacina tetra viral ou a tríplice viral + varicela. Além do sarampo, a vacina tríplice viral previne também contra rubéola e caxumba.

O que muda? 
A dose não é considerada válida para o esquema vacinal de rotina. Isso quer dizer que, a criança deve receber novamente a vacina aos 12 e 15 meses, observando o intervalo mínimo de 30 dias para revacinação.

Atenção! 
Para as demais faixas etárias, a recomendação permanece a mesma. São necessárias duas doses para quem tem até 29 anos de idade. Acima desta idade, é necessária apenas uma dose.