AS Notícias Online
HOME POLÍCIA POLÍTICA ESPORTE GERAL EVENTOS EMPREGOS AGENDA VÍDEOS CONTATO

GERAL
Engenheiro preso por Brumadinho foi indiciado no caso de Mariana
Funcionário da Vale era gerente nas usinas do Complexo da Alegria 01/02/2019

Enviar por e-mail
Imprimir
Aumentar letra
Diminur letra
Bombeiros
 
PUBLICADO EM 31/01/19 - 21h00

Um dos executivos da Vale presos nesta semana por suspeita de serem responsáveis pelo rompimento da barragem I da mina de Córrego do Feijão, em Brumadinho, o engenheiro Rodrigo Artur Gomes de Melo já havia sido acusado pela Polícia Federal (PF) de envolvimento na tragédia de Mariana, em novembro de 2015. Na época, ele era gerente das usinas no Complexo da Alegria, na cidade da região Central.

Pouco mais de um ano e meio após a tragédia, no entanto, Melo foi transferido para Belo Horizonte e é responsável pelas operações em Congonhas, Nova Lima e Brumadinho. No desastre ocorrido nessa última cidade, conforme decisão da Justiça que determinou sua prisão, ele é investigado suspeito de homicídio, crime ambiental e falsidade ideológica. Outras quatro pessoas também estão presas. 

De acordo com fontes da Polícia Federal (PF), quando estava em Mariana, o executivo era responsável por quatro minas, sendo que uma delas despejava rejeitos na barragem de Fundão, da Samarco – de quem a Vale é uma das acionistas –, sem as devidas licenças e autorizações. Ainda segundo o indiciamento da PF, em 2016 a Vale nem sequer tinha controle da quantidade de lama jogada em Fundão, que se rompeu, matando 19 pessoas e provocando o maior desastre ambiental do país.

Apesar das acusações, o Ministério Público Federal (MPF) não denunciou Melo na época. “Em Mariana, a Vale tinha, sim, responsabilidade. Não podia jogar lama lá. O entendimento é que havia, sim, provas para essa denúncia acontecer, mas o entendimento do MPF foi outro”, informou uma fonte da PF. 

Histórico. Melo trabalha há mais de 25 anos na Vale. Gerente executivo do Complexo Minerário Paraopeba da Vale, o engenheiro é um dos responsáveis pelo licenciamento e pelo funcionamento de barragens da Mineradora, incluindo a que se rompeu em Brumadinho. Ele sempre trabalhou em Mariana, mas se mudou de cidade. “Foi transferido para não ficar muito tempo no mesmo lugar. É uma pessoa vaidosa, centralizava muito as decisões, um pouco ‘estrelinha’, mas era extremamente respeitado dentro da empresa e qualificado. Ele mostrava bons resultados”, disse uma pessoa próxima.

“Preferimos acreditar que ele não sabia o que poderia acontecer, porque a Vale sempre preza muito pela segurança. Nenhuma operação acontece se tiver risco, a não ser que isso tenha sido omitido”, complementou outra fonte. 

Por meio de nota, o MPF informou que, após as investigações, não havia, até aquele momento, indícios de envolvimento e de poder decisório de Melo sobre a estrutura da Samarco. O órgão ressaltou que as denúncias realizadas abrangeram outras pessoas que não foram investigadas pela PF.

Procurada, a Vale destacou que Melo não tinha responsabilidade sobre a barragem da Samarco, em Mariana. Segundo a empresa, ele foi transferido para a mina de Córrego do Feijão com o mesmo cargo. A defesa de Melo não foi localizada.

Depoimentos. Dos cinco executivos presos na operação da PF e do MPF, os três detidos em Minas prestaram depoimento ontem. O conteúdo das declarações não foi revelado. Hoje, os presos em São Paulo serão ouvidos.

Respostas

A Secretaria Estadual de Meio Ambiente informou que o “empreendedor é responsável pela segurança da barragem”. Disse ainda que o Estado obteve na Justiça decisão contra a empresa, que não foi cumprida. Em 2017 e 2018, segundo a pasta, foram tomadas medidas emergenciais cabíveis. Uma licitação será contratada para fazer o descomissionamento da estrutura, o que inclui a retirada dos rejeitos. A reportagem não localizou representantes da Mundo Mineração. A ANM também não foi encontrada. 

Samarco foi alertada sobre risco

O Ministério Público Federal de Minas obteve, por meio de cooperação internacional, um documento que revela que, desde 2014, as mineradoras Vale e Samarco vinham sendo alertadas sobre a perda de estabilidade dos rejeitos na barragem de Fundão, em Mariana. A estrutura se rompeu em 2015, provocando a maior tragédia ambiental do país. A investigação foi anexada aos autos de ação penal em que executivos de Vale, BHP Billiton e Samarco, respondem pelas mortes de 19 moradores que ocorreram.
Procurada, a Samarco informou que “repudia qualquer especulação sobre conhecimento prévio de risco iminente de ruptura na estrutura”. A BHP afirmou que tem convicção de que comprovará sua inocência, e a Vale não se pronunciou.

Barragem abandonada é de risco

Rio Acima. A menos de dez minutos do centro de Rio Acima, cidade de 10 mil habitantes na região metropolitana de BH, a barragem Mina Engenho foi dominada pelo mato e está abandonada. Inativa há sete anos, a Mina de Ouro, que pertencia à Mundo Mineração, do grupo australiano Mundo Minerals, hoje em estado falimentar –, não emprega ninguém nem produz um real em royalties para o município. Deixou para trás, porém, uma herança perigosa: as barragens de maior risco de Minas Gerais, segundo avaliação da Agência Nacional de Mineração (ANM), órgão regulador do setor.

Conforme o relatório mais recente da ANM, de janeiro, a barragem Mina Engenho foi a única do Estado a ser considerada de “alto risco” de vazamento. Para se ter ideia, as estruturas da Vale em Brumadinho, na unidade onde houve o rompimento, eram consideradas de baixo risco.

Moradores de Rio Acima relatam abandono total e que as duas barragens da Mina de Ouro, uma com a superfície sedimentada e outra cheia de água, não recebem manutenção desde que as atividades foram encerradas, no fim de 2011. A interrupção foi tão abrupta que fábrica, caminhões e carros usados no transporte de funcionários foram deixados para trás. A maioria dos funcionários não recebeu seus direitos, diz o Sindicato dos Trabalhadores de Extração de Ouro de Nova Lima e região. 

Além de Rio Acima, a Mina Engenho também tem o potencial de afetar um município bem maior, de quase 90 mil habitantes: Nova Lima. A prefeitura da cidade diz já ter acionado o Ministério Público para cobrar providências sobre a área. A administração ressalva, porém, que a obrigação da fiscalização é de órgãos estaduais e federais. (Com agências)

 


 

 

E-mail: contato@regionaldigital.com.br

REGIONAL DIGITAL 2024. Todos os Direitos Reservados.
REGIONAL DIGITAL
INFORMAÇÃO DE QUALIDADE!
Desenvolvedor: SITE OURO