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Cresce a procura de mulheres por escolas de tiros na capital
Com nova demanda criada por decreto, clubes pensam em formar turmas só para o público feminino 21/01/2019

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Cátia Pereira constatou aumento da demanda do público feminino
PUBLICADO EM 21/01/19 - 03h00

A assinatura do decreto presidencial, na última terça-feira, que flexibilizou as regras para posse de armas no Brasil parece ter mexido com o comportamento das mulheres em relação ao uso do artefato. Há 30 anos no mercado, o Grupo Protect, que presta serviços no setor de armamento e é um dos mais tradicionais de Minas, viu o perfil do público mudar, literalmente, da noite para o dia.

Segundo o diretor da empresa, Marco Brito, a maior parte da procura, desde que as normas mudaram, passou a ser de mulheres. Segundo ele, 60% dos atendimentos desde então têm sido de pessoas do sexo feminino interessadas em aprender a lidar com armas: “Antigamente, era 100% homens no clube, atualmente já temos mulheres sócias. Mas, desde terça-feira, a maioria das ligações é de mulheres, porque elas querem ter uma arma em casa para que possam proteger suas famílias. A gente vê que todas as pessoas de bem que estão se sentindo acuadas e desprotegidas pela sociedade nos procuram”.

A microempresária Daiane Souza, 28, dona de uma loja de roupas em Venda Nova, na capital, e com três assaltos nos dois anos de história do empreendimento foi uma que se encorajou a aprender a atirar. Assim que soube do decreto, ela entrou em contato com uma empresa que oferece os serviços para tirar dúvidas. “Eu sempre tive vontade de fazer curso de tiros, mas, depois dessa facilidade para ter a posse, me interessei para poder ter uma arma na minha loja. Já fui roubada três vezes. Pretendo iniciar os procedimentos no mês que vem”, explicou.

Há um ano, a despachante Cátia de Lourdes Pereira, 45, fez um curso de tiros e, atualmente, trabalha na Efaseg Formação de Vigilantes, onde há cursos de tiros. Lá, ela constatou aumento da demanda feminina: “A presença das mulheres era muito discreta, mas agora elas ligam, visitam o espaço, tiram dúvidas. Tenho observado visitas constantes também de casais. E, em algumas vezes, os homens incentivam suas companheiras”. 

Outro serviço em que houve aumento de procura foi o de despachante. O valor do processo para ter uma arma gira em torno de R$ 890 com o trabalho do profissional. “Nesse valor estão inclusos os agendamentos de testes – de tiro, psicológico, honorários e a taxa cobrada pela Polícia Federal (R$ 88). Recebemos muitas ligações e e-mails de interessados. Ao menos 20 foram de mulheres. No ano passado todo não chegou a esse número de interessadas”, explicou Graziela Laine, proprietária da Laine Despachante de Armas.

Teste psicológico

Antes de conquistar o direito de ter uma arma em casa, o interessado na posse do artefato precisa, primeiramente, passar por um teste psicológico em empresa cadastrada na Polícia Federal. Se for bem na avaliação, em cerca de quatro horas o cidadão se torna apto a dar sequência ao processo. O aval final é da Polícia Federal.

Na etapa das clínicas, além do teste psicológico, há uma aula teórica que dura cerca de três horas e uma prova de múltipla escolha, onde são cobrados a nomenclatura de armas, conhecimentos de peças das armas e como utilizá-las, além de procedimentos de segurança. Os testes de tiros também fazem parte.

“Há perguntas sobre o dia a dia do candidato, testando o nível de estresse, de nervosismo, concentração e agressividade. Também há teste de memória. Tudo é muito rigoroso”, explica Marco Brito, diretor da Protect. Segundo ele, a cada dez candidatos, três são reprovados.

Dados

A reportagem solicitou à Polícia Federal dados sobre a quantidade de escolas de tiros e instrutores credenciados em Minas, mas foi informada de que o Exército seria responsável por revelar o dado. A corporação não respondeu à demanda. 

Turmas podem ser exclusivas

Diante da alta procura de mulheres, os clubes já pensam em montar turmas especificamente para o público feminino. A instrutora de tiros e agente penitenciária Jeanne Belloni, 37, se profissionalizou em 2010.

“Hoje vejo a demanda muito grande. Tem as mulheres que estão procurando por esporte e outras que querem se informar para ter uma defesa. Agora a mulher tem, nem que seja em casa, a oportunidade de defender a vida dela e da família. O curso voltado só para mulheres vai ser bom para as que se sentem melhor nesse ambiente só feminino”, afirmou. O preço para o curso básico de tiros pode variar de R$ 200 a R$ 690, de acordo com a empresa.

 


 

 

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