Motivo. Paralisação teria acontecido por causa de um aparelho onde são dosados os medicamentos
PUBLICADO EM 20/11/18 - 03h00
ATIANA LAGÔA
O tratamento quimioterápico está suspenso no Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg), em Belo Horizonte, há exatamente uma semana. O motivo seria o defeito na chamada “capela de fluxo laminar” onde são dosados os medicamentos. Até o momento, cerca de cem atendimentos deixaram de ser feitos. E o pior: a situação poderá persistir por mais 15 dias, tempo suficiente para agravar o quadro de tantos pacientes com câncer.
Segundo o Ipsemg, já foi detectada a peça que estaria estragada no equipamento, e uma empresa foi contratada para fazer a manutenção. Em nota, o hospital alega que o reparo pode ser concluído ainda nesta terça-feira (20). Mas uma fonte do próprio hospital disse que a empresa responsável pediu um prazo de até 15 dias para finalizar o trabalho.
Até lá, o Ipsemg continuará com os contatos com clínicas e hospitais parceiros para tentar transferir os pacientes. Outra possibilidade em avaliação é tomar emprestada uma capela com outro hospital e levar os medicamentos até a outra unidade de saúde para manipulá-los lá. Mas, até o início da noite desta segunda-feira (19), contudo, não havia nenhuma sinalização positiva por parte das clínicas parceiras.
Pacientes
Enquanto isso, os usuários que necessitam do atendimento se desesperam com a possibilidade de piora. “Já passou o meu dia de fazer quimioterapia, e isso é aterrorizante. A gente depende do remédio pra viver, aí chega aqui e não tem. A sensação é a de que algo vai acontecer o tempo todo. De que a gente não vai dar conta de sobreviver”, desabafou um dos pacientes na sala de espera do hospital.
“Eu estou desde quarta-feira passada tentando tomar essa medicação. Já fiz de tudo. Liguei, fui na coordenação, falei com a ouvidoria. E ninguém resolve nada. Se eu descumpro o prazo de fazer quimioterapia, eu corro sérios riscos de saúde”, contou outro paciente. (Colaborou Mariana Nogueira)
Também faltam outros remédios
Como se não bastasse a capela de fluxo laminar estar com defeito, também faltam remédios no setor oncológico do Ipsemg. O hospital admite a ausência de duas substâncias usadas no tratamento de pacientes com câncer.
Um deles é o paclitaxel, que não estaria sendo produzido por escassez de matéria-prima. No momento, segundo o hospital, 65 pacientes precisam do remédio. A ideia é tentar transferir 39 pessoas para a rede credenciada, e outros 26 estão recebendo outra substância. Devido à falta de fluorouracil (5FU) por atraso do fornecedor, 14 pacientes deverão ser transferidos para outras unidades.
Situação deixa pacientes em pânico
Riscos
Segundo o professor de oncologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) André Márcio Murad, atrasar o tratamento é gravíssimo: “A quimioterapia é dada em intervalos regulares, e é isso que garante o sucesso do tratamento”, explica.
SUS
A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais informou que essas pessoas podem buscar o SUS. Contudo, não informou os prazos de atendimento.